CINTIA ROSA
Divulgação/Coqueirão
Cintia Rosa no filme A Festa de Léo, que lhe rendeu prêmio de melhor atriz em festival de Lisboa
Aos 40 anos e com mais de três décadas de carreira, Cintia Rosa é prova viva da dificuldade de se fazer arte no Brasil. Em maio, ela levou o prêmio de melhor atriz no FestIn - Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa, que aconteceu em Lisboa. O momento de grande alegria, no entanto, veio acompanhado da preocupação em encontrar seu próximo papel. "São vários meses sem conseguir nenhum trabalho. Não tenho vergonha de falar sobre isso", admite.
"Estou com filme no cinema, recebi prêmio internacional, mas não consigo emendar um trabalho no outro. E tem vários bons profissionais nessa mesma situação. Com essa coisa da internet, nossa profissão ficou meio sem critério, qualquer um pode ser ator", lamenta Cintia em conversa com o Notícias da TV.
A atriz explica que até gosta de tirar um descanso entre um papel e o seguinte. "É bom para você poder se inspirar, para zerar tudo o que tinha feito no trabalho anterior. Faz parte da vida do ator. Mas não com esses meses de intervalo!", ressalta ela, que, apesar da situação atual, se declara feliz com a boa repercussão de A Festa de Léo nos cinemas e com a crítica.
"É um trabalho especial, em um momento muito maduro da minha carreira. Apesar de eu ter essa trajetória extensa, acho que é um ponto de virada para mim. Pude mostrar várias facetas, porque a Rita é uma personagem de altos e baixos... E ganhei um prêmio em Lisboa, pô (risos)! É um reconhecimento que me dá um fôlego diferente, me dá força para persistir!", valoriza.
Cintia Rosa é cria do Nós do Morro, grupo de teatro fundado na comunidade do Vidigal, no Rio de Janeiro. O simples fato de ela poder viver da arte e ter se tornado protagonista de um longa, para ela, já é motivo de festa:
Estar aqui, como mulher, preta, brasileira, que veio de um projeto educacional e social... É um momento de celebrar! Conseguir essa representatividade de quem não desistiu das artes e persistiu muito. Para mim, é incrível!
"Eu me sinto a continuação de Zezé Motta, de Ruth de Souza [1921-2019], de Léa Garcia [1933-2023], de Milton Gonçalves [1933-2022], desses atores e dessas atrizes incríveis, que quebraram as pedras para eu chegar até aqui. Nós somos espelhos para muita gente, para muitas crianças e muitos jovens que querem viver da arte e se inspiram no que fizemos", filosofa.
Mesmo assim, ela confessa que cogitou largar tudo nos momentos mais difíceis. "Teve horas em que eu falei: 'Tô cansada de tentar viver da arte'. Porque a arte no Brasil não tem o valor merecido, apesar de as pessoas consumirem muito. Fui estudar Publicidade, mas o bichinho da atuação falou mais alto, e acabei me formando em Artes Cênicas mesmo (risos)."
Os desafios do passado, assim como a falta de convites atualmente, são pequenos obstáculos que tornam Cintia uma mulher e uma atriz mais forte. "Os 'nãos' que eu ouvi foram importantes para eu ser quem eu sou. E vamos continuar, vamos viver outras personagens. Acho que agora provei que tenho capacidade de fazer qualquer tipo de papel."
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