NO PROGRAMA DO PORCHAT
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Jô Soares esteve na Record e concedeu entrevista a Fábio Porchat no talk show Programa do Porchat
A amizade entre Jô Soares e Chico Anysio (1931-2012) por pouco não chegou ao fim nos anos 1980. Quando Jô aceitou o convite para apresentar o Jô Soares Onze e Meia, em 1988, no SBT, o intérprete do Professor Raimundo virou a cara para o amigo e passou a falar mal de seu trabalho em quase todas as entrevistas que concedia. "Ele era muito ciumento", revelou Jô em conversa com Fábio Porchat, no talk show Programa do Porchat, gravado ontem (16), em São Paulo, e que será exibido amanhã (18).
Jô conta que quem lhe indicou para trabalhar no SBT foi o amigo Carlos Alberto de Nóbrega. "Ele foi uma das pessoas que mais me apoiaram a ir ao SBT. Numa conversa com Silvio Santos, ele lhe perguntou quem poderia tirar da Globo para dar uma sacudida e movimentar a imprensa. E Carlos Alberto respondeu: tem duas pessoas, o Chico e o Jô. Só que o Chico tem que vir com umas 200 pessoas, por causa da Escolinha do Professor Raimundo. Já o Jô vai vir sozinho", lembra.
Ser preterido em relação a Jô Soares fez o ciúmes despertar em Chico. Tanto que o apresentador se lembrou das entrevistas que o amigo concedeu à epoca, dizendo que não assistia ao seu programa no SBT.
"Quando eu fui falar com o SBT, o Chico ficou muito mordido. Ele deu entrevistas sobre isso. 'Não assito ao Programa do Jô, nunca assisti', ele dizia, mesmo já tendo dado entrevistas para mim umas quatro vezes antes", diz. Até que perguntaram a ele quando ele seria entrevistado por mim, e ele disse: nunca", diz.
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Chico Anysio no Programa do Jô, em 2000, ano em que Jô voltou a trabalhar na Globo
As alfinetadas públicas resultaram no afastamento dos humoristas, mas Jô deu um prazo para o mau humor do amigo acabar: um mês. "Primeiro entrevistei a mulher dele, a Malga, com três semanas de programa. Na semana seguinte, eu o entrevistei e o coloquei contra a parede", comenta.
Sem cerimônias, Jô perguntou a Chico o motivo de ter falado mal dele em entrevistas e não gostou da justificativa esfarrapada dada pelo humorista: Anysio alegou que queria o telefone de um amigo em comum, que morava na Argentina.
"Liguei e os coloquei juntos na linha, ao vivo no meu programa. E depois eu perguntei: 'Tá encerrado esse assunto? Não tem mais esse negócio de inventar coisas? Acabou esse papo?'. A cara de constrangimento dele era nítida. Após o fim do programa ele me abraçou e agradeceu pela entrevista. Nossa relação era de amor e de ciúmes. Nunca abri a boca para reclamar dele, até esse dia", diz.
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Porchat (à dir.) foi às lágrimas durante gravação de entrevista com Jô Soares na Record
Entrevista a Fábio Porchat
À frente de um talk show há menos de dois anos, Fábio Porchat se emocionou ao receber o humorista e apresentador Jô Soares, precursor do gênero no Brasil, no palco e no sofá do Programa do Porchat. "É o dia mais importante da minha vida", disse durante a gravação da entrevista.
A emoção se deu porque Jô Soares foi quem abriu portas para Porchat na TV, dando a ele sua primeira oportunidade em frente às câmeras. O contratado da Record até brincou com isso e iniciou o programa fingindo ter recebido um bilhete da plateia com a mensagem: "Queria mostrar meu trabalho como humorista", assinada por José Eugênio Soares _Porchat mandou o mesmo texto para Jô no passado.
Jô se divertiu com a brincadeira e minimizou sua importância para a carreira do pupilo. "Eu apenas te dei o espaço, você tomou o espaço e fez o que fez. Não revelei ninguém", desconversou ele.
Aos 80 anos, completados em janeiro, o comediante disse que está sentindo o peso da idade. Teve, inclusive, dificuldades para chegar no estúdio da Record. Ele se machucou na academia, em um aparelho que simula movimentos de remo.
"Exagerei. Estrupiei o meu joelho. Tô me sentindo um velho de 80 anos... Mas eu tenho 80 anos", brincou ele, despertando risos da plateia e de Porchat.
Longe da televisão desde dezembro de 2016 e sem contrato com a Globo desde o fim do ano passado, Jô confessou a Porchat que não sente nenhuma saudade da vida em frente às câmeras. "Não sinto falta de estar na TV. Se eu quisesse, eu teria continuado. Foram 15 mil entrevistas", ressaltou.
O veterano comandou o Jô Soares Onze e Meia, no SBT, entre 1988 e 1999, depois de uma carreira como comediante na Globo. "Não fui [para o SBT] por dinheiro, fui para fazer o programa da minha vida e que tivesse a ver comigo", confessou ele, que já havia tentado emplacar um talk show na antiga emissora, sem sucesso.
"Não saí infeliz da Globo, mas queria fazer um programa de entrevistas. E o Silvio Santos é uma pessoa maluca. Ele me ligou e me chamou para conversar. Topei", lembrou o apresentador.
Depois de 11 anos no SBT, ele recebeu a proposta para voltar à Globo e finalmente apresentar o programa que tanto sonhou na emissora, à frente do talk show Programa do Jô. Ficou no ar de 2000 a 2016.
Recluso, Soares admitiu que quis aparecer na atração de Porchat. "Não dou entrevista para qualquer um, fiz questão de estar aqui", valorizou.
Em todos esses anos, Jô conversou com muitos nomes, inclusive internacionais. E contou a Porchat que não realizou apenas um de seus sonhos: o de bater papo com o antigo chefe, Silvio Santos. Os diversos pedidos foram negados. Segundo o veterano, Silvio sempre foi cínico e usava a desculpa de que uma cigana previu que ele ia morrer caso desse entrevista para se livrar do compromisso.
Porchat ressaltou que Jô abriu portas para que outros talk shows surgissem, como os de Danilo Gentili, Pedro Bial e Tatá Werneck. "Você esqueceu a Luciana Gimenez", lembrou o repórter Paulo Vieira. Jô fez cara de espanto e divertiu a plateia.
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Paulo Vieira também se emocionou ao dividir o sofá com Jô Soares: oportunidade única
Paulo Vieira também teve a oportunidade de fazer uma minientrevista com Jô, mas foi tomado pela emoção e não parou de chorar.
"Eu venci o Quem Chega Lá no Faustão. E na mesma epoca o Porchat tinha me convidado para participar do Porta dos Fundos. Só que eu só aceitei ir porque eu achei que isso ia me ajudar a um dia ser entrevistado por você. Pedi diversas vezes e nunca consegui", justificou.
Jô Soares adiantou detalhes da peça A Noite de 16 de Janeiro, da russa Ayn Rand, que ele vai adaptar, dirigir e atuar. "Não subo no palco ao lado de outros atores há 30 anos. Tem um elenco de 15 pessoas. Eu estou lá pra fazer parte daquela trupe. Meu papel é muito pequeno, quase não existe. Faço o juiz que dá o veredicto da história", disse. A estreia está marcada para 5 de maio, no Tuca.
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