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OPINIÃO

James Ackel: Andressa Urach não merece ser renegada pelo pai por se prostituir

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Andressa Urach veste preto em foto postada no Instagram em fundo preto

Andressa Urach em foto postada no Instagram; ex-Fazenda recebeu críticas pesadas do pai na web

JAMES ACKEL*

Publicado em 26/8/2023 - 6h20

Andressa Urach foi uma das participantes de A Fazenda 6, da Record. Não saiu vitoriosa, mas se tornou a mais marcante daquela edição, tanto que as pessoas só se lembram dela, e não da campeã. Antes de A Fazenda, ela foi vice-Miss Bumbum. Todos se lembram de Andressa, e não da Miss Bumbum.

Isso mostrava seu poder de carisma e me fez convidá-la para participar de uma peça de teatro, República das Calcinhas, que eu produzi em 2014.

Foi difícil ajeitar uma agenda, pela quantidade de compromissos que ela tinha. Mas, depois de tudo ajustado, posso dizer que ela sempre foi uma boa cumpridora de seus deveres.

Uma vez, Andressa apareceu mais cedo no teatro em um dia de ensaio e acabou cochilando no sofá porque não tivera tempo de descansar na noite anterior, por ter que participar como presença VIP de um evento e ganhar um bom cachê.

Todos gostavam muito dela pela sua simpatia com o grupo. Ela sabia que não iria ganhar muito dinheiro, porque a gente não tinha patrocinadores, e os atores faturariam pela bilheteria. Quando ela recebeu a parte que lhe cabia, agradeceu como se tivesse levado uma fortuna.

Outra vez, ela veio ensaiar em minha casa, e a gente acabou jantando depois.
Andressa fez questão de ajudar a lavar a louça. Ela sempre se portou com muita educação e sempre foi muito profissional no teatro. Jamais falou um palavrão sequer quando esteve na presença do grupo. Além de surpreender pela interpretação em palco.

Depois da temporada, eu só a encontrei mais uma vez, na noite de autógrafos de seu livro no shopping JK Iguatemi, em São Paulo.

Se eu sou amigo dela? A resposta é não. Para mim, amizade é uma coisa a dois, em que as pessoas têm liberdade entre elas e se comunicam por telefone quando desejarem. Eu jamais falei com ela depois da noite de autógrafos e sequer tenho seu telefone.

Acompanhei Andressa pela mídia, como todos os que acompanham notícias.
Então, vocês vão me perguntar: por que estou escrevendo sobre ela?

Eu fiquei espantado quando vi um vídeo do pai de Andressa falando mal dela, dizendo que tinha vergonha e que ela não pertencia mais à família porque decidiu se prostituir e passou a fazer publicidade disso, revelando que cobra R$ 15 mil por hora de acompanhamento sexual e que está ganhando muito dinheiro.

Um pai não pode jamais renegar a existência da filha. O dever do pai é ser pai. A Andressa que eu conheci pessoalmente tem uma carência afetiva imensa e precisa (e muito) de ter um pai que seja um porto seguro de emoção e afeto.
A essência da pessoa não muda, e sei que a dela não mudou desde que eu a conheci.

Não importa o tempo. Eu tive o privilégio de ter um pai que sempre esteve ao meu lado em todos os momentos. Saber que ele sempre estava ali era a minha grande defesa emocional.

Não é questão de dinheiro, mas sim de ser pai na plenitude de ser. Eu tive essa chance de viver a companhia de um pai de verdade. Desde a minha postura de adolescente, passando pelos erros da juventude, o meu pai sempre estava ali para me ajudar se eu precisasse. E eu precisei.

Até hoje eu sinto o cheiro do abraço do meu pai. Ele não era de falar muito, mas a presença dele me transmitia segurança.

Isso tudo me emociona muito e me deixou indignado quando vi o pai de Andressa renegá-la porque ela está se prostituindo.

Não é o primeiro caso, nem vai ser o último. Já vi pessoas importantes renegarem filhos que se transformaram em mulher. E vi gente importante que renegou filho ou filha de fora do casamento. Um casamento pode deixar de ser casamento, mas uma paternidade jamais vai deixar de ser paternidade.

Eu jamais renegaria uma filha por fazer o que Andressa está fazendo.
Ao contrário, eu faria com que ela soubesse que não importa o que ela fizesse, eu sempre estaria à disposição dela para ser seu pai quando ela precisasse.
Andressa não precisa de dinheiro do pai; aliás, muito cedo ela saiu de casa e não precisou mais do dinheiro do pai.

Mas ela, como mulher e como filha, sempre vai precisar do afeto do pai. Sempre vai precisar do afeto e da presença emocional do pai. Quando isso acontecer e ela não tiver esse afeto, tomara que não o busque em coisas ruins, acreditando serem boas.

E o pai de Andressa não tem ideia do quanto vai fazer mal a ele a falta da filha.


* JAMES ACKEL é jornalista e produtor e diretor de teatro e TV. Iniciou a carreira aos seis anos, em 1959, na extinta TV Paulista.

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