NOVO CANAL
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
A apresentadora Fátima Bernardes durante entrevista feita para seu canal no YouTube
O ano foi de mudanças para Fátima Bernardes: ela decidiu apostar na internet depois de se desvincular totalmente da Globo, onde trabalhou durante 37 anos. A apresentadora já estava com um contrato por obra à época, que não foi renovado com o fim do The Voice Brasil (2012-2023). A jornalista, então, criou o próprio canal no YouTube e virou a aposta da plataforma para a cobertura dos Jogos Olímpicos de Paris-2024.
A ex-Globo foi anunciada como o principal nome do projeto Paris É Brasa, parceria do YouTube com a produtora Play9 e o COB (Comitê Olímpico Brasileiro). O projeto reuniu influenciadores, jornalistas e criadores de conteúdo para produzirem vídeos sobre o evento. Ela colheria depoimentos dos medalhistas, faria vídeos de curiosidades e até participaria de "boletins diários" comandados pelo podcast Podpah.
Gustavo Serra, sócio e diretor de comunicações da Play9, pensava nesses conteúdos como um impulsionador para o canal da artista no YouTube. A ideia era que, após o período olímpico, com inscritos que viriam dos vídeos relacionados à competição, a jornalista pudesse apostar em entrevistas e temas como a maternidade e o bem-estar --assim como fazia no Encontro, programa que criou na Globo.
"Ela quer falar com grandes personalidades, desde a [top model] Gisele Bündchen, eventualmente, até alguém relacionado à saúde. Vamos ter conversas com ela, como a boa historiadora e comunicadora que ela é. A ideia é que a gente faça um caminho, mas eu não acho que seja podcast, porque a gente não quer se apropriar desse lugar que todo mundo já fez. Mas é um formato de entrevistas, com uma pegada digital e com grandes nomes", adiantou ele, em maio.
Mas o projeto não saiu exatamente como o imaginado. Em Paris, ela só chegou a entrevistar a medalhista Rebeca Andrade, e em um evento. Fátima acabou criando seu conteúdo a partir de curiosidades turísticas (como visitas à rua mais famosa de Paris, à Disneyland local e ao Museu D'Orsay), vlogs, diferenças culturais entre a França e o Brasil e até compra de presentes.
De lá para cá, a ex-âncora de telejornais tem seguido a mesma pegada. Visitou museus e feiras de arte, no Rio de Janeiro e em São Paulo; fez tags com o namorado, Túlio Gadêlha, e com a filha, Beatriz Bonemer; mostrou os livros, as roupas e os óculos escuros favoritos; e, na maior parte do tempo, compartilhou os bastidores de seus compromissos pessoais e profissionais.
Nesse ínterim, a jornalista só realizou sete entrevistas. Além da já mencionada conversa com Rebeca Andrade, ela fez cinco vídeos com estrelas olímpicas de outras edições e seus mentores. Fora do esporte, falou apenas com o psicólogo Rossandro Klinjey.
O canal de Fátima conta com 218 mil inscritos até agora, um número que não é exatamente expressivo dentro do universo virtual. Mas ela parece estar satisfeita com o público que atingiu. "Obrigada a todos que estão participando desse projeto que vem me encantando cada vez mais! E você que ainda não é inscrito, o link tá aqui na bio, corre lá!", escreveu ela no Instagram, quando ultrapassou os 200 mil. Na rede social, aliás, ela tem 13 milhões de fãs.
Apesar do balanço positivo do canal, a apresentadora decidiu resgatar um plano antigo: voltar à Globo. Quando encerrou seu contrato, ela disse que tinha entregado três propostas de programa à emissora. Apenas uma foi aprovada até agora, e Fátima gravou o piloto no fim do mês passado. Trata-se de um talk show noturno, num formato bem parecido ao que Hebe Camargo (1929-2013) apresentava no passado.
"Fiquei muito feliz com o resultado. Estou animada", disse ela à coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo, no início do mês. Mas ela não se compara à apresentadora icônica: "Cada coisa tem seu tempo. Acho que se a Hebe fosse viva, estaria fazendo coisas diferentes das que ela fez. Prefiro pensar na minha própria história e tentar encontrar o meu próprio jeito."
Mas ela não deve abandonar a carreira na internet, sua nova aposta. Fátima, afinal, gosta de ser antenada e de apostar suas fichas no que acha ser importante. "Ela tem feito transições de carreira de uma forma muito única, sabe? Acho que ela sempre conseguiu se mover e antecipar cenários muito antes de eles acontecerem. Ela saiu do Jornalismo para o Entretenimento, e, agora, saiu da TV, da mídia tradicional, para migrar para o digital", chegou a descrever Gustavo Serra.
Bailarina, Fátima Bernardes estreou na Globo por meio do corpo de baile da emissora, gravando clipes para o Fantástico. Mas o temor de não ser bem-sucedida a levou a desistir da carreira e investir no Jornalismo.
Em 1983, no último ano da faculdade, começou a colaborar com o jornal O Globo. Três anos depois, foi selecionada para um curso de telejornalismo e virou estagiária do Fantástico. Dali, passou a repórter e, em 1989, começou como âncora no Jornal da Globo, dividindo bancada com Eliakim Araújo e depois com William Bonner, com quem foi casada durante 26 anos.
Foi promovida ao Fantástico, onde ficou entre 1992 a 1996, até assumir o Jornal Hoje. Dois anos depois, em março de 1998, logo após dar à luz trigêmeos, substituiu Lillian Witte Fibe no Jornal Nacional. Ficou lá por 14 anos, até que decidiu deixar o Jornalismo pelo Entretenimento.
Ela própria criou o projeto do Encontro com Fátima Bernardes, que apresentou durante 10 anos. Depois, decidiu ir para o The Voice Brasil, onde ficou por duas temporadas. A competição musical foi cancelada em 2023. O Assim como a Gente, programa que ela estreou em outubro no canal pago GNT, também não emplacou e não ganhou uma segunda temporada.
"Até ele [o programa que sugeriu à Globo] ficar pronto, vou tocando outros projetos paralelamente, porque é o que amo fazer. Nesses 37 anos na TV, tive todas as possibilidades de evoluir profissionalmente e continuo acreditando que algo muito bom para mim e para o público virá pela frente", se pronunciou ela, quando deixou a emissora.
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