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INCLUSÃO

Ativista da diversidade, Maria Gal celebra 'pretagonismo' na Globo e quer mais

Reprodução/Instagram

Maria Gal faz carão em corredor de hotel; ela usa um vestido amarelo

A atriz Maria Gal posa nos bastidores do Troféu Raça Negra, que valoriza a comunidade preta

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 9/11/2024 - 21h00

Nascida em Salvador (BA), a atriz Maria Gal encara a pauta racial desde seus primeiros passos na arte, quando ainda estava no Bando de Teatro Olodum. Ativista da diversidade, a também empresária criou a produtora Move Maria para levar a representatividade negra e feminina para a frente e para trás das câmeras. Ela celebra o "pretagonismo" atual nas três novelas da Globo, mas defende que ainda há um longo caminho a se percorrer até que a sociedade possa falar em inclusão no cinema e na TV.

"O audiovisual está construído numa estrutura racista. É muito caro fazer, e quem paga essa conta? Empresas grandes, multinacionais, precisam entender que o audiovisual como cauda longa é uma estratégia de marketing. Se aliar isso à pauta da diversidade, melhor ainda", discursa Maria ao Notícias da TV.

"Eu sou atriz há muito tempo e sempre senti dificuldade de ter personagens contundentes. É um mercado onde a gente não se vê. Uma vez, fiz teste para um filme, fui muito bem, mas o diretor optou pela atriz branca porque o tom da pele dela era 'mais comercial' do que o meu", conta. "Naquele momento de indignação, eu peguei a minha raiva e transformei em empreendedorismo."

A ideia de usar a fúria como mola de propulsão partiu dos conceitos da escritora e ativista norte-americana Audre Lorde (1934-1992), que falava justamente sobre a importância da raiva como veículo de transformação da sociedade para mulheres negras. Maria Gal, por sua vez, pegou a sua frustração para criar a Move Maria, que visa realizadoras pretas.

"Em um país no qual 56% da população é negra, não faz sentido a gente não se ver nas telas. E a gente consome muito, tem pesquisas que comprovam isso. Por que acham que o negro não é comercial? Que o negro não vai consumir? As empresas têm que investir, e as pessoas têm que se ver", diz.

Próximos passos

Atualmente, as três novelas da Globo são protagonizadas por atores negros. Volta por Cima tem Jéssica Ellen e Fabrício Boliveira como o par principal da história, Garota do Momento conta com Duda Santos, e Mania de Você é estrelada por Gabz --de quem Maria Gal já até foi mãe na série As Seguidoras (2022). Ela valoriza os avanços, mas acredita que ainda há muito a ser feito:

Com relação aos números, não há argumentos, são poucas oportunidades. Obviamente, está muito melhor do que cinco anos atrás. A gente tem atores, atrizes, produtores, roteiristas maravilhosos, mas faltam oportunidades. Faltam as pessoas no poder tirarem um pouco da preguiça, saírem de sua zona de conforto e apostarem em novas ideias, novas narrativas, pensar nessas pessoas que não têm tantas oportunidades.

"Precisamos de mais criadores, roteiristas, diretores, narrativas que tragam outra subjetividade ao corpo negro. Porque a gente quer se ver das formas mais variadas possíveis. O negro pode ser escritor, advogado, apresentador, médico, presidente, tudo o que quiser ser. É preciso entender a importância do simbolismo do corpo negro em outros papéis, em outras narrativas, para a gente ter um país com maior equidade", lista a atriz.

Ela aponta que a principal mudança de mentalidade tem de ocorrer em quem financia esses projetos. "As empresas precisam ter a conscientização de levar o dinheiro aos criadores negros. [Pensar:] 'Quem eu vou patrocinar?', 'Que tipo de projeto?'. Eu cansei de ir a pré-estreias de filmes nacionais em que não via pessoas negras nem fazendo o filme nem na plateia. Está uma discrepância enorme da arte em relação à realidade", lamenta.


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