FABRÍCIO BOLIVEIRA
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Fabrício Boliveira em Volta Por Cima; ator acredita que há longo caminho a percorrer contra o racismo
Vivendo seu primeiro protagonista na Globo, Fabrício Boliveira, o Jão de Volta por Cima, sente que ainda há um longo caminho a ser percorrido para que outros atores negros possam ascender e ter seus trabalhos reconhecidos. Ele criou a plataforma Elenco Negro, que visa ampliar a inserção dos artistas no mercado, e se dedica para disseminar questionamentos e reflexões que tirem pessoas negras da margem e as coloque no centro.
Além de fazer a conexão direta entre atores, produtores e diretores, a plataforma fomenta conversas importantes, que já geraram até dois roteiros de peças. "Não tem só a ver com quantidade, mas tem a ver com saber como esses atores estão inseridos no mercado", explicou em entrevista à colunista Monica Bergamo.
"A gente precisa entender quando é que as pessoas que estavam de fora [do mercado] vão poder opinar, poder escolher, poderão sair delas as grandes ideias. Quando é que elas vão ter a grana? O Elenco Negro traz todas essas indagações", acrescentou.
O ator aproveitou para detonar uma fala de Thiago Fragoso que gerou polêmica no começo do mês de setembro. Sem contrato fixo com a Globo, o ator reclamou da falta de espaço para loiros na TV.
"Em cada novela ou série, eu tenho a chance de fazer um personagem. Ou sou eu, ou o Jonas Bloch, ou o Herson Capri, ou o namorado da Larissa Manoela [André Luiz Frambach], que também é loiro de olhos azuis. Entrou um não pode mais ter homem hétero, branco", disse ele à Folha de S.Paulo.
Boliveira afirmou que uma citação como essa só pode ser encarada como piada. "Ele não mora no Brasil, né? Ele não olhou para a história dele nem para a história desse país. Só pode ser isso. Não dá para lidar com tanta ignorância hoje, em 2024", disparou.
"Eu acho que é realmente um lugar de mimado, de quem sempre teve tudo e não quer de jeito nenhum compartilhar esse espaço", complementou. O ator acrescentou que "talvez só o hétero, cis e branco" ainda reclame hoje de ações como as cotas raciais para ingresso em universidades públicas e por mais diversidade e representatividade na TV. "Ou gente que ainda está grudada ali no passado e não entendeu que estamos caminhando para um outro lugar", finalizou.
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