Aparecida Petrowky
Anderson Borde/Agnews
Aparecida Petrowky em uma estreia de cinema, no Rio de Janeiro; atriz está fora da TV desde 2011
FERNANDA LOPES
Publicado em 7/6/2018 - 5h20
Aparecida Petrowky foi uma grande aposta da Globo em 2009. Ela estreou na televisão no horário mais nobre, em uma novela das nove, como a rebelde Sandrinha, irmã da protagonista Helena (Taís Araújo) de Viver a Vida. Foi a primeira e única novela da atriz, hoje com 35 anos. Para se sustentar, ela trabalha como fisioterapeuta e lamenta a falta de espaço para negros em sua profissão. "Só dizem que é uma questão de perfil", conta, sobre a falta de trabalho na TV.
"Tenho meus pacientes fixos, de longa data. Não parei de trabalhar, nem quando fazia novela. A gente tem que pagar as contas, o país está muito complicado, muito difícil. Não pode ficar esperando [uma oportunidade na TV]. Meu trabalho da fisioterapia é o meu sustento, graças a Deus. E a arte vai permanecer dentro de mim, não vejo atuar como uma questão tão financeira", afirma.
Aparecida já era formada, com pós-graduação, em fisioterapia e em shiatsu antes mesmo de estrear como atriz na novela de Manoel Carlos. A trama não fez o sucesso esperado e a personagem de Aparecida não emplacou. Depois dela, a atriz só teve mais um trabalho na TV, uma participação no humorístico Chico e Amigos, em 2011.
"Muita gente me pergunta por que não fiz mais novela, eu também me pergunto. Não sei, falta convite. Já fui várias vezes à Globo, estou disponível, sempre estive. Já procurei saber [o que acontece], mas a princípio ninguém me deu uma resposta objetiva. Só dizem que é questão de perfil", expõe.
"Mas eu trabalho em teatro há muitos anos, fiz [o renomado curso] Tablado, morei fora do Brasil, estudei Cinema. Poxa, será que não tem uma personagem que eu possa fazer, em qualquer situação? Quero trabalhar", desabafa.
Para Aparecida, a questão do "perfil" esbarra em uma polêmica da televisão brasileira: a falta de negros nas produções. Ela conta que não consegue nem encontrar um empresário, porque os agentes artísticos lhe falam que já possuem profissionais negros em seus elencos, como se houvesse uma cota.
"Fica muito difícil eu tentar vender a mim mesma [para produtores de elenco]. Eu tenho buscado e realmente as portas têm sido fechadas pra mim", lamenta.
divulgação/tv globo
Aparecida Petrowky ao lado de Marcello Melo Jr. durante as gravações de Viver a Vida (2009)
Ainda assim, Aparecida não perde as esperanças. Ela diz que, apesar de ser recusada na TV e no teatro, sente uma abertura maior do mercado cinematográfico a atores negros. A atriz fez dois filmes nos últimos anos: Carta ao Destinatário (2016) e Mangoré - Por Amor al Arte (2015), uma coprodução entre Paraguai e Argentina.
Na época, ela conviveu com profissionais de cinema de vários países e falou em espanhol durante toda a gravação, o que lhe encantou. Hoje, Aparecida está em preparação para um novo filme, escrito por Nelson Caldas Filho, ainda sem nome e previsão de estreia, em que interpretará uma freira no ano de 1913. E sonha com carreira internacional.
"Desde que comecei até agora, estou sempre em busca de aprender, explorar, me realizar. Meu grande sonho é me sentir realizada profissionalmente como atriz. Tenho foco no objetivo de continuar com a carreira. Vejo a atuação como arte, prazer, vontade. Não vou parar nunca", declara.
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