Nani Venâncio
Divulgação/Rede Brasil
A apresentadora Nani Venâncio no estúdio de seu programa na Rede Brasil, A Tarde É Show
FERNANDA LOPES
Publicado em 12/9/2018 - 6h01
Famosa por aparecer na abertura da novela Pantanal (1990), a apresentadora Nani Venâncio fica indignada com as injustiças contra as mulheres e bota a boca no trombone no programa que comanda na Rede Brasil, A Tarde É Show. Aos 50 anos, sobrevivente de dois AVCs (Acidente Vascular Cerebral) e uma trombose, ela promove rodas de debate entre mulheres para discutir temas como violência, desigualdade e feminicídio.
"Me irrita demais o feminicídio [homicídio cometido por um homem contra uma mulher], me incomoda amargamente toda hora a gente ficar vendo violência contra a mulher. Falam que eu sou muito feminista. Eu sou igualitária, eu gosto de direitos iguais. Muitas mulheres ganham menos nas empresas; me incomodam os pedidos de socorro que ninguém percebe, o silêncio das pessoas", desabafa.
"Então, todos os temas que me atormentam, eu peço para debatermos [no programa]. São assuntos para a gente poder orientar mesmo as pessoas. Tem muita gente que precisa de informação", explica.
A atração vai ao ar de segunda à sexta, das 17h às 18h30, e todas as quartas há a roda de mulheres, em que apenas elas falam sobre o tema do dia. "É o ponto alto do programa, hoje é uma inspiração. É um espaço para todas as mulheres terem voz. Já teve homem me pedindo pra participar. Falei que não: Gato, um dia crio uma roda de homens", brinca a apresentadora.
A única exceção que Nani abriu foi quando convidou um grupo de drag queens para que contassem suas histórias. A apresentadora diz que é contra qualquer preconceito e procura abrir espaços para todos.
divulgação/rede brasil
Nani Venâncio ao lado das drag queens que participaram da roda de mulheres no último dia 6
Foi por essa veia social que ela tentou entrar para a política. Em 2012 e 2014, foi candidata a vereadora e deputada estadual em São Paulo, respectivamente, mas se decepcionou tanto que hoje tem repulsa só de pensar nisso.
"Me candidatar foi muito bom pra observar e ter certeza do quanto [os partidos] usam as mulheres. É inadmissível a gente ser tachada de cota. Os partidos precisavam de 30% de candidatas mulheres e colocavam muitas esposas, amigas, só pra ocupar o posto. Esses 30% deviam ser para nós assumirmos cadeiras, não só sermos candidatas. É uma grande ilusão. Eu fico revoltada, indignada", lamenta.
Mas os médicos de Nani lhe dariam bronca se soubessem que ela passou por todo esse nervoso. Há nove anos, após o parto de sua filha mais nova, a apresentadora teve sérios problemas de saúde, com uma sequência de trombose cerebral e dois AVCs, que a deixaram "com a cabeça toda aberta, entre a vida e a morte".
Hoje, ela afirma que leva uma vida regrada para evitar problemas. "Cuido da minha saúde. Cheguei aos 50, agora quero chegar aos 100, estou na metade da jornada".
Ex-atriz
Na TV, a jornada de Nani começou em 1987, na novela O Outro, da Globo. Na abertura de Pantanal, ela aparecia nua, o que chamou muita atenção na época e provocou crises de ciúme de seu marido.
Trabalhou também em Olho no Olho (1993), nas minisséries O Guarani (1991) e Incidente em Antares (1993) e em episódios do Você Decide (1994), mas admite que não se achava uma ótima profissional.
"A gente tem que ter semancol. Eu me formei, estudei, mas não me achava uma atriz maravilhosa. Fiz personagens no teatro, novela, minissérie, mas achava que estava tirando o espaço de gente muito boa e talentosa. Então fui fazer uma coisa que eu domine e que eu goste. Me descobri mesmo com programa de TV ao vivo", explica.
Após passar por Record, RedeTV!, Manchete, Rede Mulher e Gazeta, Nani diz que é feliz fazendo seu tipo de atração, independentemente da emissora.
"O que eu faço ali faria em qualquer televisão, acho que as pessoas é que tem que convidar. Sabem quem eu sou, conhecem meu trabalho. Não tenho essa ambição de querer voltar para a Globo. Eu quero fazer meu trabalho, o importante é eu levar informação para as pessoas. Minha vida é isso, pretendo ir até o fim", conclui.
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