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EM DOCUMENTÁRIO

Aos 70 anos, Vera Holtz escancara lapsos de memória: 'Às vezes não sei quem sou'

DIVULGAÇÃO/O2 PLAY

Vera Holtz está sem expressão, em imagem de divulgação do filme As Quatro Irmãs

Vera Holtz é uma das protagonistas do documentário As Quatro Irmãs, história de sua família

IVES FERRO

ives@noticiasdatv.com

Publicado em 13/8/2023 - 8h40

Vera Holtz revisita sua infância e sua adolescência ao lado da família no filme-documentário As Quatro Irmãs, em que ela encontra personas de suas irmãs e interpreta a si mesma. A atriz abre questionamentos sobre sua identidade após dar vida a personagens icônicos na televisão e no teatro. Por conta da carreira artística, ela ainda enfrenta lapsos de memória.

"São tantas coisas que, às vezes, eu não sei quem eu sou. São tantas personagens que você viveu, muitas novelas, teatro, que chega uma hora em que você questiona isso. Quem é Vera Lúcia?", conta ela, em entrevista ao Notícias da TV.

"Então você vai em busca de um resgate desta Vera, de onde é que você pertence, de onde vem, para onde que você foi... É mais nesse sentido. Mas normalmente também passeei muito, viajei, saí de casa muito cedo. Então é como se as coisas fossem para outro lugar dentro da tua memória", afirma.

Com distribuição da O2 Play, As Quatro Irmãs, que já foi exibido na 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, é um filme que teve como ponto de partida resgatar a memória da família da atriz em um momento no qual o casarão do clã Fraletti-Holtz completava 100 anos.

Ela e o diretor Evaldo Mocarzel construíram o roteiro a partir das lembranças. A atriz narra os acontecimentos de sua família em Tatuí, no interior de São Paulo, com um belo sotaque. Vera também se refere a ela mesma em terceira pessoa, como uma das personagens.

"A atriz foi embora de casa com 23 anos. Acabou privada da presença de todas essas pessoas tão amadas. Ela se viu distante de todos esses modelos tão profundos, que jamais deixaram de fazer parte da sua personalidade", diz ela em um trecho do documentário.

Eu acordo e não me lembro. Às vezes eu nem sei onde eu estou. O passado me parece uma noite distante e fria do esquecimento. Como é que eu posso esquecer tudo aquilo que eu amei? É difícil para uma atriz acordar sem memória.

Confira abaixo a entrevista com Vera Holtz:

NOTÍCIAS DA TV - Houve algum ambiente de sua vida que se surpreendeu em rever?
VERA HOLTZ - Todos os ambientes eram conhecidos para mim. Talvez teve uma questão de educação, e de colocar o que o meu pai era para mim como menina. Não meu pai depois disso. Eu tenho 70 anos, então as relações hoje para mim de maternidade e paternidade são de afetos profundos, isso dentro do meu histórico central. O tempo passa, e as relações também mudam.

Encontrou personas difíceis entre as suas e as de suas irmãs?
Algumas estavam mais escondidas nas profundezas, e outras estavam mais presentes, mas nada de estranhamento, tiveram as minhas irmãs e as minhas moradias. Então é bonito e legal você poder falar isso de uma forma protegida, porque eu tenho um roteiro pré-estabelecido. A ideia era trabalhar de forma lúdica e brincalhona.

Se orgulha do que se tornou hoje e da história que construiu como artista? 
Não tenho arrependimentos, nunca fui uma pessoa de expectativa. Eu sou uma pessoa de grandes motivações, com pouquíssima expectativa. A vida continua, e as coisas me encontram. Se eu estou preparada para elas, eu realmente entro nos trabalhos. Se não me sinto preparada, eu realmente não aceito, então não tem como você ter expectativa com relação ao futuro. Sou muito motivada para a vida e preparada nesse sentido de saber o que é bom para mim, e o que não é.

Ainda falta alguma realização pessoal?
Preciso ter cautela e posso até arriscar, não tenho nenhum problema de arriscar. Às vezes, as coisas que me desafio e me interessam são coisas que eu me sinto motivada; às vezes, algo estranho, que eu quero entender o que é. Não tem essa de o que que eu gostaria de fazer ou o que eu gostaria que acontecesse.


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