INJÚRIA E DIFAMAÇÃO
REPRODUÇÃO/GAZETA
Suzy Camacho em entrevista concedida em 2020; ex-atriz trava batalhas judiciais contra enteados
VINÍCIUS ANDRADE, IVES FERRO e LI LACERDA
Publicado em 1/9/2022 - 6h35
Atualizado em 1/9/2022 - 15h35
Casada com o empresário Farid Curi, Suzy Camacho trava diferentes batalhas judiciais contra os enteados. Além dos casos revelados recentemente, como a venda de uma mansão e a movimentação de R$ 10 milhões após suposta falsificação de atestados, a ex-atriz da Globo e os herdeiros do atual marido foram à Justiça após os filhos de Curi acusarem a madrasta de injúria e difamação --ela, no entanto, se diz vítima de escutas ilegais.
Em 2021, três enteados de Suzy protocolaram uma queixa-crime contra a psicóloga por "fatos praticados ao longo do ano de 2020". O caso foi para a 3ª Vara Criminal de São Paulo e colocado em segredo de Justiça.
A ação inicial foi rejeitada porque os filhos de Farid Curi perderam o prazo de seis meses entre o suposto crime de ofensa e o registro da queixa, que foi rejeitada antes mesmo de ser examinada.
No entanto, a defesa de Alfredo Curi, Beatriz Curi e Rodrigo Curi não aceitou a justificativa e recorreu em segunda instância. O caso foi analisado pelos desembargadores da 10ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo; o Notícias da TV teve acesso à decisão, de 8 de junho.
"Consta dos autos que os querelantes [filhos de Curi] apresentaram queixa-
crime em 29 de março de 2021, imputando a querelada [Suzy] os crimes de difamação e calúnia, em virtude dos fatos praticados ao longo do ano de 2020. A procuração outorgou poderes específicos 'de requerer a instauração de inquérito policial', haja visto os assaques contra a honra perpetrados por Suzy Camacho ao patrono dos querelantes em 24 de setembro de 2020", explicou o relator Ulysses Gonçalves Junior.
O magistrado manteve o entendimento da primeira instância de que o prazo de seis meses foi extrapolado para a queixa-crime e não acolheu o pedido para analisar uma possível condenação de Suzy Camacho por injúria e difamação.
O documento indica que as ofensas transcritas na queixa-crime contra a ex-atriz teriam sido obtidas no interior do quarto de hospital em que Farid Curid está internado --o empresário de 85 anos está em coma desde 2020, diagnosticado com uma doença chamada encefalite herpética, complicação neurológica que provoca perda de memória e confusão mental.
Mesmo que o caso de injúria e difamação não tenha sido acatado pela Justiça, a defesa de Suzy alegou que as gravações feitas foram ilegais --o conteúdo dos áudios está em sigilo. O Ministério Público, que apura um possível desvio de dinheiro do empresário, alegou o seguinte sobre as escutas:
O problema que se revela é que o CD vem desacompanhado de qualquer formalidade ou elemento que permita atestar o local, a data de sua produção ou mesmo as circunstâncias envolvendo a instalação do dispositivo que colheu as manifestações ditas injuriosas. Essas mesmas circunstâncias não permitem desvelar a ilegitimidade da gravação produzida ou mesmo o caráter criminoso da gravação.
Ao Notícias da TV, o advogado criminalista Luiz Flávio Borges D'Urso, que representa Suzy Camacho, explicou a tramitação do caso e confirmou que existe um inquérito policial em curso para apurar as escutas. Veja a nota abaixo:
"Venho esclarecer que esse referido processo movido pelos filhos do Sr. Farid contra a Sra. Suse Camacho Curi [nome de registro, o artístico é Suzy Camacho] já foi julgado em duas instâncias, dando ganho de causa a Sra. Suse. Trata-se de queixa-crime na qual os filhos do Sr. Farid acusavam a Sra. Suse de injúria e difamação contra eles.
Ocorre que eles teriam seis meses do suposto crime (que na verdade não ocorreu), para promover essa ação penal, todavia, eles perderam o prazo, pois propuseram a medida após os seis meses e por causa disso ocorreu a Decadência do Direito, vale dizer, eles perderam o prazo e perderam o processo.
As supostas ofensas, que não existiram, sequer foram examinadas.
Esse foi o teor da sentença. Eles recorreram por meio de uma Apelação e o recurso deles foi julgado e rejeitado por três desembargadores. Esses desembargadores, por unanimidade, negaram provimento a Apelação dos filhos do Farid e confirmaram a Decadência, vale dizer, a perda do prazo.
Paralelamente a isto, tendo em vista que os filhos juntaram a este processo gravação ilegal da Sra. Suse, que eles não poderiam ter feito, instaurou-se na Polícia Civil, Inquérito Policial contra os filhos do Sr. Farid, para eles serem investigados pelo Crime de Escuta Ambiental Ilegal, investigação que está em curso."
Suzy se casou com o empresário em 2013; ele tinha 76 anos e é conhecido por ter sido um dos sócios da rede de supermercados Atacadão até 2007, ano em que a companhia foi vendida por mais de R$ 2 bilhões ao Carrefour. O matrimônio foi selado com separação total de bens.
Em 2020, antes de Farid entrar em coma, Suzy o levou a três neurologistas renomados para que eles atestassem a capacidade de raciocínio e a memória do marido. Os três deram atestados semelhantes e indicaram que ele tinha capacidade condizente para alguém de sua idade --os especialistas, no entanto, não foram informados que a avaliação seria usada para um laudo.
De acordo com denúncia do Ministério Público de São Paulo, antecipada pelo UOL no início deste mês, ela teria usado os atestados para enganar a Justiça e movimentar R$ 10,9 milhões da conta do empresário após a liberação do valor de um fundo de investimentos --o que atriz nega. Em documentos obtidos pela Record, os médicos disseram à polícia que se sentiram ludibriados pela atriz.
A defesa de Suzy negou que ela tenha usado atestados falsos e disse que ela não cometeu nenhum crime nem se beneficiou com o dinheiro. "Esses atestados, o próprio sr. Farid juntou no processo que os filhos moviam contra ele, para liberar esse dinheiro, que foi liberado. E não na conta da Suzy, foi para a conta do Farid. Razão para qual essa denúncia não prospera, está errada", informou D'Urso.
Advogados dos filhos de Farid Curi, Rubens de Oliveira e Rodrigo Carneiro Maia enviaram o posicionamento abaixo sobre o caso:
"É sempre bom salientar que os Srs. Farid e Suse são casados, por disposição legal, pelo regime de separação total de bens, isso devido à idade avançada dele, quando do casamento. A imputação do Ministério Público de crime de falso à Sra. Suse chancela a conduta por ela adotada, no tocante ao patrimônio do Sr. Farid.
A significante quantia depositada na conta corrente dela foi utilizada por ela para pagar honorários advocatícios, sob a justificativa de uma dívida que remonta aos idos de 2007, época que ela sequer conhecia Farid.
Segundo a Sra. Suse, a quantia também foi utilizada para saldar despesas, contudo, não soube especificar quais. Isso tudo consta da declaração por ela prestada na investigação policial em andamento perante a Polícia Civil do Estado de São Paulo, 4º DP de São Paulo, instada a apurar crimes contra o idoso Farid.
Assim, além de documentos ideologicamente falsos, aptos a embasar o resgate da significante quantia apontada pelo Ministério Público, necessário salientar que, à época do sobredito resgate, o Sr. Farid estava totalmente incapaz de praticar atos da civil, conforme laudo pericial homologado pelo Juízo da 28ª Vara Cível Central, oriundo da Ação de Produção Antecipada de Provas, intentada pelos filhos dele."
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