ANÁLISE
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Hariany Almeida no confessionário durante formação do último paredão: mais poder para os brothers
LUCIANO GUARALDO
Publicado em 23/3/2019 - 6h17
Uma das piores temporadas (em audiência e repercussão) do Big Brother Brasil até o momento, o BBB19 precisa servir de lição para a Globo: participantes que ficam no muro não empolgam ninguém. A equipe de Boninho deveria seguir a cartilha dos Estados Unidos e diminuir o poder do público, para forçar os confinados a jogarem.
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Na terra do tio Sam, o Big Brother já exibiu 20 edições com pessoas comuns, duas com celebridades e ainda teve uma temporada extra no streaming da CBS, rede que transmite o reality por lá. E não dá indícios de desgaste nem de desinteresse do público: ao longo de duas décadas, perdeu apenas 3 milhões de espectadores.
A situação é bem diferente no Brasil. Na Grande São Paulo, o BBB19 tem patinado e sua média está na casa dos 19 pontos --a final da primeira edição, em 2002, marcou 59 pontos, maior audiência já registrada por um capítulo de reality show no país.
Curioso é que o público norte-americano acompanha o Big Brother mesmo com poder limitado. Por lá, os telespectadores não votam em quem fica ou quem sai do jogo: são os próprios confinados que decidem isso.
O líder indica dois participantes para a eliminação, e cada emparedado precisa convencer seus colegas a votarem pela saída do outro. Na grande final, um conselho formado pelos nove eliminados mais recentes decide o campeão.
Dessa maneira, é impossível que os confinados se mantenham em cima do muro. Todo mundo precisa jogar. E, inclusive, os brothers que saem do reality têm o bom senso de reconhecer quem jogou melhor na hora de escolher o vencedor. Não importa se fulano traiu beltrana, ela vai votar pela vitória dele, caso ele mereça.
É claro que, depois de 19 temporadas deixando que o público brasileiro escolha o grande campeão, a Globo não vai simplesmente tirar esse poder de uma vez. Uma opção menos dramática seria adaptar o esquema de votação usado no Big Brother: Over the Top, a temporada exibida no streaming da CBS em 2016.
Na ocasião, o líder da semana escolhia dois participantes, e o público de casa elegia o terceiro indicado. Todos os outros confinados elegiam quem eles achavam que deveria sair, e os telespectadores também tinham direito a um voto. Em caso de empate, o chamado "voto dos Estados Unidos" servia como fator de desempate.
Pela primeira (e única) vez na história do Big Brother norte-americano, quem assistiu ao programa pôde votar no grande campeão, e o conselho formado por eliminados nas edições "tradicionais" do reality não ocorreu. Mas, até chegarem à decisão, os três finalistas foram obrigados a jogar --e muito.
Justamente porque sabem que vão ter de sujar as mãos, traírem colegas e degolarem seus rivais, os brothers dos Estados Unidos não têm a pretensão de virar influenciadores digitais nem faturarem com presenças em eventos. Entram no jogo dispostos a irem até o fim. E, com isso, conseguem manter em alta o fator entretenimento, que está tão em falta no BBB19. Fica a dica para a Globo.
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