Análise
Divulgação/Fifa
O jogador Neymar dá entrevista ao repórter Fernando Fernandes após Brasil e Croácia, no dia 12
DANIEL CASTRO
Publicado em 17/6/2014 - 18h27
Atualizado em 18/6/2014 - 6h55
Nos últimos quatro anos, cerca de 30 milhões de brasileiros, segundo a Anatel, passaram a ter acesso a canais pagos. Como consequência, a audiência da Copa na TV paga triplicou neste ano em relação ao mundial da África do Sul, em 2010. Segundo dados do Ibope obtidos com exclusividade pelo Notícias da TV, o primeiro jogo do Brasil na Copa foi visto por 7,337 milhões de assinantes de TV por assinatura em nove metrópoles brasileiras. Em 2010, a estreia da seleção foi prestigiada por 2,4 milhões de telespectadores nesse universo, então bem mais restrito.
Desses 7,3 milhões de clientes de operadoras de TV a cabo e DTH (satélite), no entanto, a grande maioria, 87%, ou 6,4 milhões, assistiram a Brasil e Croácia na Globo ou na Band. Isso mostra que o brasileiro ficou mais rico e passou a pagar para ver TV por assinatura, mas ainda é fiel à TV aberta. A Globo moldou o gosto televisivo nacional de tal forma que a aumento da renda e a tecnologia não são capazes de abalar sua liderança, por mais que os números não sejam mais, digamos, tão "ostentação".
Nesta Copa, entre os clientes de TV paga, a televisão aberta está vencendo os canais esportivos de goleada. Para cada telespectador de Sportv, ESPN, Fox Sports e BandSports, há sete da Globo ou da Band.
Os números indicam que parece não ser correto dizer que os 41,8 pontos que Globo (33,6) e Band (8,2) marcaram com Brasil e México, ontem (17), foi a menor audiência do Brasil numa Copa do Mundo, apesar de as duas emissoras terem contado dez pontos a menos do que na Copa da África do Sul. Foi a pior audiência, sim, na TV aberta. Não a pior audiência de todos os tempos.
Muda a tecnologia, não o conteúdo
Isso porque pelo menos parte dos dez pontos que Band e Globo perderam em quatro anos estão nesses mais de 4 milhões de telespectadores que elas ganharam na TV paga entre uma Copa e outra. Os dados disponíveis não permitem dizer exatamente quantos telespectadores deixaram de ver a Globo no sinal aberto para assisti-la no cabo ou DTH, mas é inegável que houve uma grande migração.
Foi uma migração, contudo, muito mais de meio/tecnologia de distribuição do sinal do que de conteúdo. Na Copa de 2010, a TV aberta somou 2,1 milhões de telespectadores no cabo/DTH, contra 280 mil dos canais esportivos fechados. A proporção, de 7,5 telespectadores de Globo e Band para um de canal pago, era apenas um pouco maior do que a atual (6,8 para 1). Os canais pagos cresceram, sim, mas ainda estão longe de incomodar a TV aberta.
E um novo índice se faz necessário, somando a audiência das emissoras abertas na medição de TV aberta e de TV paga. O Ibope já deu um passo nesse sentido. Está divulgando as audiências totais de cada jogo, somando TV paga e aberta. Na estreia da Copa, por esse critério, o Brasil teve 50 pontos (3,3 pontos a mais do que a soma de Globo e Band na TV aberta).
Audiências dos canais pagos
Entre os canais pagos, o Sportv lidera a preferência do telespectador. O canal carregou 57% da audiência de Brasil x Croácia na TV por assinatura. A ESPN Brasil teve 25% dos telespectadadores do jogo inaugural.
Durante o jogo, audiência dos canais pagos cresceu 5% entre os assinantes, enquanto os abertos perderam 5%.
Na média do dia, os canais que transmitem Copa do Mundo cresceram 11%. Foi no segmento infantil, no entanto, que houve a maior aumento. A audiência do Cartoon subiu 92%. Jás os canais de fimes perderam 2% de ibope.
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