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ESPECIALISTA AVALIA

Estereótipos e racismo: Rejeição a Conká reflete privilégio de Deolane em A Fazenda

REPRODUÇÃO/GLOBO E RECORD

Montagem de fotos de Karol Conká e Deolane Bezerra

Karol Conká saiu rejeitada do BBB 21; Deolane Bezerra continua no elenco de A Fazenda 14

GABRIELA RODRIGUES

gaby@noticiasdatv.com

Publicado em 27/11/2022 - 8h20

As brigas e ameaças de Deolane Bezerra têm causado desconforto em parte do público de A Fazenda 14. Apesar disso, ela segue no reality e tem milhares de fãs nas redes sociais. Para Nina Fola, especialista em debates sobre racismo, a permanência da peoa no programa retrata a discrepância do cancelamento ao qual Karol Conká foi submetida pós-BBB 21.

Ao Notícias da TV, a palestrante e doutoranda em Sociologia destaca que a forma como a rapper foi julgada pelo público da atração da Globo não reflete no modo como a viúva de MC Kevin (1998-2021) é tratada por suas ações. Para ela, a seletividade dos telespectadores está ligada aos estereótipos que "nivelam" as atitudes de mulheres pretas às atitudes de mulheres brancas.

"No momento que a gente objetifica corpos, a gente os coloca sempre no mesmo padrão, no formato de fazer sempre as mesmas coisas. Então [dizem]: 'Os negros têm força para trabalhar, as mulheres [pretas] são parideiras, são sexualizadas', tem várias imagens de controle, que é uma expressão usada pela socióloga negra norte-americana Patricia Hill Collins."

Essas imagens fazem com que se criem arquétipos, estereótipos contra as pessoas negras. 'Raivosa' é uma das palavras usadas para definir as mulheres negras.

Apesar de não aplaudir o comportamento adotado por Karol Conká no Big Brother Brasil 21, Nina avalia que, mesmo de forma não declarada, pessoas negras são mais atacadas do que pessoas brancas pela forma como se expressam, opinam ou até pelo modo que agem durante situações de conflito.

"Ainda não se assume a diferença de perspectiva de humanidade entre pessoas negras e pessoas não negras, já que até a comunidade indígena, às vezes, também é muito questionada. Porém, no caso dos negros, isso acontece muito [o uso de estereótipos]".

O racismo atual, que é estrutural, coloca a dificuldade de sermos interpretadas como humanas, com subjetividades, com psiques complexas, com inteligências múltiplas, inclusive com direitos. Nós não temos ainda o direito à livre expressão, sendo fadadas ao cancelamento, como foi Karol Conká.

"Parece que só as pessoas brancas votam ou cancelam, mas não. O racismo é estrutural, todos nós produzimos racismo. É muito fácil que as pessoas negras também tenham cancelado a Karol Conká pela estrutura à qual elas foram modelada de ódio pela negritude", acrescenta.


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