DICA DE LIVRO
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Tati Machado no Saia Justa de quarta (11); ela fez um relato sobre o apoio que recebeu do pai
O Saia Justa de quarta (11) abordou o tema finitude, e Tati Machado e Eliana Michaelichen revelaram o processo para lidar com a morte de seus respectivos pais. A jornalista recebeu uma ajuda especial nesse processo: a de Fátima Bernardes. A veterana mandou um mensagem de áudio enorme para prestar apoio à colega.
A ex-âncora do Jornal Nacional leu um trecho do livro A Morte é um Dia que Vale a Pena Viver, da médica Ana Claudia Quintana --a convidada da noite no programa. Tati revelou a história justamente para mostrar sua conexão com a escritora. O pai dela morreu há três anos, devido a um aneurisma cerebral.
"Quando eu perdi meu pai, eu estava vivendo todo o luto, e aí Fátima Bernardes me mandou uma mensagem falando: 'Tati, eu estou lendo um livro, e não paro de pensar em você. Vou ler um trecho'. E aí ela pegou, ligou o áudio dela e leu um supertrecho de vários minutos, justamente do livro da Ana, A Morte é um Dia que Vale a Pena Viver", começou ela.
"No dia seguinte, eu comprei esse livro. E no mesmo dia eu lembro que eu fui para a praia, ler o livro, e eu li na praia o tempo inteiro. Eu estava com os meus amigos até, mas eu nem liguei. E eu li o livro, e eu passei o tempo inteiro com o seu livro falando 'meu Deus, Ana, isso é para mim'. Virou muito uma chave", destacou ela.
A apresentadora confessou que não gostava de falar sobre a morte, mas que passou a tocar no tema com mais intensidade após a partida do pai. "O meu pai morreu sem eu saber quais eram os desejos dele em relação à morte. Então, por exemplo, ele foi cremado por uma escolha minha, mas eu não sei se era dele. Eu vou viver com isso. Tudo bem que naquele momento foi o que me acalentou de alguma maneira", declarou a jornalista.
Ela também revelou ter lido a oração de São Francisco de Assis --apesar de saber que o pai era budista. "Depois disso, eu tive essa virada de chave, eu estava conversando mais cedo com a Eliana também, que eu queria fazer diferente, eu queria deixar claro quais eram as minhas vontades. Por exemplo, eu quero ser cremada, e eu sou uma doadora de órgãos."
Eliana chegou a chorar quando mencionou José Bezerra, que morreu em março, após passar dois anos lidando com as sequelas de um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
"Meu pai partiu, e a coisa que mais lembro é dele sorrindo quando eu entrava no quarto. Isso é não ter medo da finitude. Enquanto podemos, temos que viver com intensidade, sem que nada nos desvie desse caminho", recordou a ex-SBT.
Ela confessou ter perdido o medo de perder alguém que ama desde então --afinal, já passou por isso. "Ressignifiquei a vida depois da morte do meu pai, ressignifiquei minha vida quando fiquei hospitalizada por cinco meses, tudo parou e perdi o controle. Nos momentos mais difíceis da minha vida ressignifiquei o que era morte, doença grave e o que era viver. Comecei a prestar mais atenção às pequenas coisas da vida: o raio de sol que batia no quarto, um abraço, um carinho, um sorriso."
"Eu achava que fosse ser uma partida muito dramática, na hora da partida. Mas quando eu disse para ele: 'é, pai, o senhor descansou'. Eu lembro claramente de uma imagem que veio... Desculpa, eu estou chorando e sorrindo ao mesmo tempo", disse, se interrompendo brevemente.
"Eu lembro que, quando eu disse isso para ele, peguei na mãozinha dele e falei 'partiu, pai, fez a passagem', eu lembro dele encontrando com a minha avó. A imagem que me veio. E não foi uma coisa que eu pensei, também não sei se foi de algum conto espiritual. Não sei explicar, porque realmente tem coisas que a ciência não explica, que as religiões também acabam não explicando muito", admitiu.
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