Rainha de Sabá era negra? Saiba o que a Bíblia diz sobre nobre da novela Reis

A escolha da modelo luso-angolana Sharam Diniz para viver a rainha de Sabá na novela Reis chamou a atenção dos telespectadores. O folhetim da Record se baseou em um trecho da própria Bíblia para escalar o papel, em que a nobre se descreve como "negra e muito bonita" no livro de Cantares --cuja autoria é atribuída ao próprio Salomão, interpretado na ficção por Guilherme Dellorto.

"Oh, mulheres de Jerusalém, sou negra e bela. Sou negra como as barracas do deserto, como as cortinas do palácio de Salomão", diz a rainha, no quinto versículo do primeiro livro de Cantares.

A produção também optou por chamar a personagem pelo seu nome etíope, Makeda, reforçando a origem dela no Chifre da África. Um território historicamente ocupado por povos com a pele escura como os oramas e os trigrínios.

Há também um grupo minoritário na Etiópia, os falashas (termo que é considerado pejorativo por alguns imigrantes em Israel), que são judeus negros –os quais se reivindicam como descendentes da rainha de Sabá, a partir de seu filho com o rei Salomão.

Onde fica o reino de Sabá?

Sabá significa Sul e indica uma região que era conhecida como Arábia Feliz e hoje está no território do Iêmen. O reino atravessava o Golfo de Aden e o Mar Vermelho, ocupando terras que hoje fazem parte da Eritreia, da Etiópia, do Djibouti e da Somália. Todos são de maioria negra.

Representatividade?

Assim como a Globo, que escalou mais atores negros em consonância com a sua política de ESG (Meio Ambiente, Social e Governança, na sigla em inglês), a Record também se mostrou atenta às transformações da sociedade.

Há um número considerável de atores negros em cenas que mostram o Egito Antigo, como Val Perré, Kizi Vaz e Dandara Albuquerque em Gênesis (2022). O próprio Sheshi (Fernando Pavão) lembrava a todo momento que era de uma dinastia com origens para além do Império --como a ptolomeia, que se origina a partir de uma diáspora grega.