Após ser 'heroína do povão', ex-Malhação vira a chave e sofre em novela infantil

Christiana Ubach já fez manobras arriscadas e se envolveu em lutas intensas quando foi a "heroína do povão" de A Garota da Moto (2016-2019) --tudo sem a ajuda de dublês. Agora, o desafio dela é muito mais voltado ao drama: em A Infância de Romeu e Julieta, a atriz interpreta Laura, mulher que perdeu a memória e se esqueceu de sua família. Ela volta a conviver com o marido e os filhos, mas eles não compreendem muito bem a condição dela.

"É sem dúvida um sofrimento enorme, que me permitiram expressar ali. O público vai poder ver e sentir o que a Laura passa. Foram quase oito anos com essa perda de memória, tentando se reconhecer e encontrar sua família. Ela tem uma força inenarrável", arremata a intérprete em entrevista concedida ao Notícias da TV. 

A personagem dela apareceu no bairro de Castanheiras nesta semana, depois de anos dada como morta. Ela vai recuperando a memória aos poucos, e, nesse processo, percebe que perdeu boa parte da infância dos filhos.

A mulher sequer tem a possibilidade de recuperar esse tempo perdido logo de cara: Mauro (Felipe Roque), seu marido, implora para que ela se aproxime com calma, com medo da reação dos meninos, Alex (Gianlucca Mauad) e Ian (Miguel Soares).

De fato, é uma situação delicada para a família. Alex, o mais velho, chegará a rejeitar a loira quando se der conta de quem ela é. Mas isso não a fará desistir.

"Acho que o público pode esperar emoção! Laura tem um conflito muito intenso, com dor e alegria ao mesmo tempo. Mas, sem dúvida, ela tem uma força, uma vontade de viver digna de atleta que não desiste nunca dos seus sonhos, e para ela a família é esse foco", adianta a atriz.

De psicopata a 'super-heroína'

O papel é uma maneira de Christiana aplicar conhecimentos que carrega desde quando não pensava em ser atriz. Ela cursou Psicologia antes de ser escalada para fazer a fase jovem da vilã Flora (posteriormente interpretada por Patricia Pillar) em A Favorita (2008), da Globo, sua primeira novela. Sente que a formação a ajudou a construir seus personagens de "maneira mais sólida".

DIVULGAÇÃO/SBT

Depois do folhetim de João Emanuel Carneiro, a atriz conseguiu sua primeira protagonista: a Cris, de Malhação ID (2009), na qual fazia par com Fiuk. Apesar da pouca idade --ela tinha apenas 21 anos à época--, a atriz se lembra do projeto com orgulho, apesar das responsabilidades envolvidas. 

"Protagonizar um projeto é um mergulho muito profundo, porque a carga horária é enorme. Eu gravava de segunda a sábado, domingo lia o bloco da semana, e assistia todo dia para entender o que o público estava vendo. Acho que tenho essa intensidade em mim", conta, rindo. "Fora que, sem dúvidas, foi aí que eu e a câmera viramos uma só. E isso foi refletido em todos os meus trabalhos, tanto no cinema, quanto na TV", afirma.

Foi então que ela parou em A Garota da Moto. Na série, ela vivia Joana, uma mulher batalhadora que acabava se envolvendo em todo o tipo de confusão --normalmente, para defender os filhos. Em determinado momento, ela alçou um voo usando sua moto e esmurrou três homens ao mesmo tempo usando golpes de luta oriental. E tudo isso sem dublê. "Acho que tira um pouco da credibilidade", chegou a analisar ela.

Apesar de exibida no SBT, a série foi produzida pela Mixer. Por isso, foi só com Romeu e Julieta que ela conheceu o cotidiano na emissora. E numa novela infantil, que tem "uma coisa mágica que só quem vive sabe".

Agora, Laura se junta ao rol de personagens da atriz --que ainda fez participações na novela Além do Horizonte (2013), da Globo; na minissérie Felizes para Sempre? (2015), também da Globo; na série Psi (2014-2019), da HBO; e na série Toda Forma de Amor (2019), do Canal Brasil.

"Cada personagem foi uma forma de me colocar no mundo e comunicar o que penso de alguma maneira. Uns mais populares, outros mais poéticos. De certa forma, todos me compõem e dizem sobre mim", pontua a artista.

E o que ela mesma diz sobre ela? "Sou uma mulher muito corajosa, forte, e pago com tranquilidade o preço alto disso. Mas também sou muito sensível, intuitiva, sensitiva mesmo. Acho que sou um pouco que nem meus gatos, vivo no instinto e na observação. Sou livre, não ligo muito para opinião dos outros, e isso é um valor para mim", finaliza.