Cachê da desgraça: Virginia fez acordo com bet para lucrar milhões com derrotas de fãs

Virginia Fonseca fechou em 2022 um contrato com a empresa Esportes da Sorte, site de apostas online investigado pela operação Integration. Um dos empresários envolvidos na negociação revelou à revista Piauí que ela fazia parte dos termos do "cachê da desgraça alheia", quando o influenciador contratado ganha 30% de tudo o que seus seguidores perdem em apostas.

Na prática, o faturamento dela funcionava assim: se um apostador entrasse na plataforma através do link dela e perdesse R$ 100, ela ganharia R$ 30. Em dezembro de 2022, Virginia recebeu um adiantamento de R$ 50 milhões pela parceria. Procurada pela Piauí e questionada sobre a razão de ter aderido à modalidade do "cachê da desgraça alheia", a influenciadora não respondeu.

A reportagem expôs os cachês de celebridades que viraram a porta de entrada para o que hoje é chamado por especialistas de "pandemia do vício". Virginia Fonseca possui mais de 50 milhões de seguidores apenas no Instagram, rede social em que concentra a maior partes das divulgações dos jogos de azar.

Ela fez o primeiro anúncio da Esportes da Sorte em janeiro de 2023. Gravou um Story fazendo uma aposta e atraiu 120 mil novos apostadores. Tempos depois, a nora do cantor Leonardo trocou de bet: passou a trabalhar para a Blaze, empresa também investigada, com contrato de R$ 29 milhões por ano.

Gkay chegou a faturar R$ 1,4 milhões mensais com a Esportes da Sorte. A idealizadora da Farofa da Gkay perdeu seguidores e patrocínios de grifes de moda após publicar com frequência publicidades para as bets.

Já Maya Massafera, que tem contrato com a Blaze, não revelou quanto ganha por conta de seu "contrato de confidencialidade". A estratégia de revelação da voz da youtuber após passar pela transição de gênero foi patrocinada pela bet.

A lista de celebridades que se renderam aos contratos com os sites de apostas não para: Carlinhos Maia fatura R$ 40 milhões por ano com a Blaze; Cauã Reymond, R$ 22 milhões com a Bateu Bet; e David Brazil ganhou a reforma de seu apartamento e assinou contrato de R$ 200 mil mensais com a Pixbet.

Apesar da recusa de artistas para o esquema, o assédio das bets nunca parou. Ivete Sangalo e Taís Araujo disseram que recebem constantemente propostas milionárias das empresas.

O empresário de uma dupla sertaneja feminina, que não teve a identidade revelada pela Piauí, afirmou que as cantoras já receberam propostas de faturamento de R$ 12 milhões para seis meses de contrato, mas não aceitaram.