SEM EXPLICAÇÃO
DIVULGAÇÃO/TV CULTURA
Mariana Kotscho e Roberta Manreza, apresentadoras do Papo de Mãe; canal foi retirado do ar pelo YouTube
O YouTube decidiu tirar do ar o Papo de Mãe após o canal denunciar o comportamento de um juiz, que em uma audiência desdenhou da Lei Maria da Penha. A plataforma não deu justificativas para remover o conteúdo produzido pelas jornalistas Mariana Kotscho e Roberta Manreza, que produzem vídeos há mais de 11 anos. Depois de muita pressão, a empresa voltou atrás e recolocou o canal no ar na noite deste sábado (26).
"Revisamos seu conteúdo e encontramos violações graves ou recorrentes das nossas diretrizes da comunidade. Por isso, removemos o seu canal do Youtube", comunicou o YouTube na sexta-feira (25), sem dar mais explicações. As donas do canal foram pegas de surpresas e entraram com um recurso, que, porém, foi negado.
"Agradecemos por recorrer da suspensão da sua conta. No entanto, decidimos manter sua conta suspensa com base nas diretrizes da comunidade e nos termos de serviço", disse a plataforma, sem apontar quais regras teriam sido desrespeitadas.
O Papo de Mãe afirmou que entrou em contato com a assessoria de imprensa do YouTube, que informou que fará "uma apuração interna com outras equipes" para entender o caso. Depois de muita pressão da opinião pública, o YouTube resolveu colocar o canal de volta no ar.
As jornalistas apresentam o programa homônimo exibido na TV Cultura, que não renovou o contrato com a produção e tem colocado reprises no ar. O canal, como sugere o nome, traz reportagens sobre tudo o que envolve a criação dos filhos, com entrevistas com especialistas em educação, saúde e comportamento, por exemplo.
No último dia 18 de dezembro, o Papo de Mãe publicou em seu canal cinco vídeos do juiz Rodrigo de Azevedo Costa numa audiência de Vara de Família em São Paulo em que ele desdenha da Lei Maria da Penha e tem uma conduta machista.
Sem levar em consideração que um das partes é vítima do ex-companheiro em um inquérito que apura violência doméstica, o magistrado afirmou que não estava "nem aí" para a Lei Maria da Penha e provocou constrangimento da vítima na audiência.
"Uma coisa eu aprendi na vida de juiz: ninguém agride ninguém de graça", comentou, antes de dizer que já tirou guarda de uma mãe sem "o menor constrangimento". Qualquer coisinha vira Lei Maria da Penha. É muito chato também, entende?", completou o juiz, que também disse ser contra medida protetiva para mulheres vítimas de violência físicas de seus parceiros.
O Papo de Mãe recebeu ataques após revelar a conduta do magistrado, teve seu canal retirado do ar pelo YouTube, mas ganhou o apoio de instituições importantes, como a Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP e a ABI (Associação Brasileira de Imprensa).
Em carta, Maria da Penha, que dá nome à lei sancionada em 2006 com o objetivo de punir com mais rigor os agressores em casos de violência contra a mulher no âmbito doméstico e familiar, ressaltou estar "estarrecida" com as "declarações tão constrangedoras e vexatórias" do juiz Rodrigo de Azevedo Costa.
A Corregedoria do Tribunal de Justiça de São Paulo informou que abriu investigação sobre a conduta do juiz na audiência, que aconteceu virtualmente. Ele preferiu não comentar o caso e disse que espera a conclusão da apuração.
Veja o vídeo no Papo de Mãe com a declaração do juiz:
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