RODRIGO TERNEVOY
Arquivo pessoal
O ator Rodrigo Ternevoy em fotos tiradas na Irlanda: política social bem diferente da do Brasil
Enquanto no Brasil boa parte da população sofre para ser aprovada no cadastro emergencial e receber R$ 600 mensais do governo federal, o ator Rodrigo Ternevoy vive uma situação bem diferente na Irlanda. Sem gravar a novela Fair City, na qual atua desde 2016, ele ganha um auxílio de 350 euros (R$ 2.190) toda semana para sobreviver no país europeu. São mais de R$ 8 mil por mês para cada cidadão afetado pela pandemia.
Obviamente, o custo de vida em Dublin é outro, mas o brasileiro afirma que a quantia oferecida pelo governo irlandês é mais do que suficiente para se sustentar --ao contrário do que ocorre com os R$ 600 do Brasil. "Não vai dar para fazer um pé de meia, claro, mas consigo pagar as contas, comer direitinho...", conta ele.
Como a ajuda governamental é destinada a qualquer morador da Irlanda que perdeu o trabalho por causa do novo coronavírus, é possível que mais pessoas de uma família recebam a verba. "Se você tem um financiamento para pagar, 325 euros talvez fique apertado. Mas a sua mulher também recebe o auxílio, o seu filho mais velho... É uma ajuda muito bem-vinda", exemplifica Ternevoy ao Notícias da TV.
E se engana quem pensa que o cidadão precisa enfrentar um complicado cadastro para se inscrever no programa de assistência governamental, lidar com diversas rejeições ou esperar muito tempo para receber o benefício. "Enviei o formulário na segunda-feira, e o dinheiro caiu na minha conta no dia seguinte", relata.
As políticas públicas são diferentes, mas a maneira com que as emissoras de TV estão lidando com a Covid-19 é similar no Brasil e na Irlanda: lá, assim como aqui, as gravações de todas as novelas foram paralisadas para não colocar elenco e equipe em risco. Assim, Rodrigo está sem trabalhar desde o meio de março.
Como Fair City tinha uma frente de quatro semanas, ficou no ar até 12 de abril. O bloco de capítulos que o elenco estava gravando foi interrompido pela metade, e não será exibido. "Vão jogar no lixo. Quando a gente voltar, os novos episódios vão lidar com o coronavírus, os roteiristas vão inserir a doença na história", adianta ele.
Apesar de a pandemia estar mais controlada na Irlanda do que aqui, com 24 mil casos confirmados e 1.571 mortes, ainda não há nenhuma certeza sobre a volta ao trabalho. "Pode ser julho ou agosto, mas ninguém sabe ainda. A expectativa é que a gente retome as gravações e na outra semana a novela já esteja no ar. Ter uma opção de entretenimento faz muita falta nesse momento, né?", especula.
Abordar o coronavírus faz parte da essência da novela, que coloca na pauta temas atuais e levanta discussões importantes: no ano passado, por exemplo, Ternevoy fez história ao protagonizar o capítulo exibido em 16 de outubro. Na ocasião, pela primeira vez a TV irlandesa mostrou a violência doméstica em um casal homoafetivo, com cenas pesadas em que seu personagem, Cristiano, era agredido pelo parceiro, Will (John Cronin). O episódio registrou a maior audiência de 2019.
Fair City é o primeiro grande trabalho de Ternevoy na TV: ele sequer tinha planos de virar ator; foi para a Irlanda com a intenção de aprimorar seu inglês e crescer na carreira de um banco multinacional. "Tirei um ano sabático só para estudar. Mas, quando cheguei aqui, gostei tanto que acabei ficando", lembra ele, que agora também sonha com papéis no Brasil.
"Se eu conseguisse encaixar um trabalho mais curto, uma série, um filme, na minha agenda, seria ótimo. Novela agora não tem como, porque minha prioridade é Fair City. Mas não descarto nada, seria uma honra poder atuar no meu país."
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