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Globo, 50 anos

Roqueiro e hippie, 'pai' do 'Plim, Plim' renegava autoria de vinheta

Fotos: Acervo Pessoal

O músico Luiz Paulo Simas, criador do 'Plim, Plim' da Globo, em show nos Estados Unidos - Fotos: Acervo Pessoal

O músico Luiz Paulo Simas, criador do 'Plim, Plim' da Globo, em show nos Estados Unidos

PAULO PACHECO

Publicado em 24/4/2015 - 5h34

Maior símbolo da Globo, que completa 50 anos neste domingo (26), a vinheta "Plim, Plim" foi criada por um hippie em 1974. Até hoje desconhecido no Brasil, o músico Luiz Paulo Simas, 67 anos, chegou a esconder dos colegas roqueiros que era o "pai" do som mais famoso da TV brasileira, que há 40 anos intercala programas e anuncia intervalos comerciais.

"Na época, eu nem gostava de falar que tinha feito o 'Plim, Plim' porque eu era muito alternativo. Tocava em um grupo de rock com Lulu Santos, Ritchie, Lobão e Fernando [Gama], e a Globo era vista como porta-voz da ditadura, entende? Era aquela emissora que falava tudo o que a ditadura queria, então não tinha vontade de me associar a eles. Fiquei quietinho, não espalhei muito (risos)", relembra o músico ao Notícias da TV.

Quando criou o "Plim, Plim", Simas não trabalhava na Globo. Pianista desde os quatro anos, vivia da música ao lado dos colegas de Vímana (1974-1978), banda importante na história do rock nacional por ter revelado Lulu Santos e Lobão.

Ele ampliou seus trabalhos quando comprou um sintetizador importado, um dos primeiros do Brasil, capaz de produzir inúmeros efeitos sonoros. Chegou a tocar com Roberto Carlos, mas não perdeu o jeito hippie. A mosca da música Mosca na Sopa (1973), de Raul Seixas (1945-1989), foi criada por ele. "Fiquei conhecido como o cara que fazia esses sons", recorda.

Fernando Gama, Lobão, Luiz Paulo Simas, Lulu Santos e Ritchie, da banda Vímana

Enquanto tocava teclado no Vímana, Simas divulgava em gravadoras suas composições no sintetizador. A Globo se interessou e o chamou para elaborar a nova vinheta. "O único conceito que tinha era fazer algo original, que não se ouvisse no dia a dia e ficasse marcante. Ficou super marcado, é importantíssimo para a Globo, tanto que usam até hoje", comemora Simas.

O "Plim, Plim" nasceu em 1971, a partir de uma ideia de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, ex-superintendente de operações da Globo. Ele queria uma vinheta entre os filmes e os intervalos comerciais. O som, entretanto, era diferente (um "bip, bip") do que viria a ser com Simas.

Quando o designer Hans Donner foi contratado para mudar a identidade visual da emissora, em 1974, Boni percebeu que "bip, bip" não combinava com a nova vinheta e acatou a sugestão de Luiz Paulo Simas, então com 26 anos. "Fiz uma porção [de sons], mais de cem, para eles escolherem. Demorei umas três ou quatro horas", recorda o músico. Ele refez o som em 1979, a versão que está no ar até hoje.

Após o "Plim, Plim", Simas fez poucos trabalhos na TV. Produziu efeitos sonoros para a primeira versão da Globo do Sítio do Picapau Amarelo (1977) e para programas da Band. Em 1989, separou-se da primeira mulher, norte-americana, e deixou o Brasil para viver nos Estados Unidos, onde moravam suas duas filhas.

Hoje em Nova York e casado com outra norte-americana, faz parte de uma fundação pela promoção de música brasileira (Brazilian Music Foundation USA), dá aulas de música e se apresenta em casas de jazz. Também faz shows na Europa. Mesmo longe do Brasil, não largou o "Plim, Plim": assiste à Globo Internacional e gosta quando a vinheta vai ao ar, mas acha esquisito ser reconhecido mais pelo barulho de dois segundos do que pelos 60 anos de carreira.

"Não tenho mais problema nenhum com isso, acho até legal. É meio estranho essa ser minha obra mais conhecida (risos), porque afinal de contas também tenho músicas, mas a principal é o 'Plim, Plim'", afirma.

Simas vem ao Brasil todo ano para rever a família e acharia bom se fosse convidado para a festa de 50 anos da Globo, que vai ao ar neste sábado (25). O músico, porém, sabe que estará na celebração, mesmo distante, com a vinheta que se tornou a maior marca da emissora. Ele só não gosta de falar o quanto fatura com o "Plim, Plim".


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