Retrospectiva 2013
Divulgação/Record
O apresentador Gugu Liberato, dispensado pela Record na metade do contrato, em meados de 2013
GILVAN MARQUES
Publicado em 30/12/2013 - 18h35
Atualizado em 31/12/2013 - 6h30
A maior parte das TVs brasileiras decidiu apertar os cintos, reduzir gastos e demitir funcionários em 2013. Só a Record registrou pelo menos 400 cortes em São Paulo e outros 700 no Rio de Janeiro. A Band eliminou 300 vagas e a Cultura, 200. Juntas, as três emissoras demitiram mais de 1.500 profissionais, segundo estimativas dos sindicatos de radialistas e jornalistas.
O número equivale aos funcionários de toda uma rede pequena, como a Cultura e a Rede TV!. A Globo não teve cortes em massa, mas optou por uma política mais dura, reduzindo as contratações de novos artistas e limitando vínculos a três anos.
A desaceleração da economia foi a vilã apontada como a principal vilã para tanta demissão.
No RecNov, complexo de estúdios da Record, a situação chegou a ser dramática. Funcionários foram demitidos no meio das gravações da novela Dona Xepa e da minissérie José do Egito.
Após estudo realizado por uma consultoria, a Record optou por firmar parcerias com produtoras independentes e a trabalhar no sistema de coprodução. Com isso, calcula-se que pelo menos 700 funcionários tenham perdido o emprego no RecNov.
Em São Paulo, a emissora cogitou até terceirizar suas produções, mas desistiu. O corte mais ruidoso foi o do apresentador Gugu Liberato. A emissora não conseguiu sustentar sua maior contratação em todos os tempos, a um salário de mais de R$ 3,5 milhões mensais, e teve de dispensá-lo na metade do contrato. Até o helicóptero símbolo de sua cobertura jornalística, o Águia Dourada, foi usado para pagar a multa.
“A Record cresceu desordenadamente. Como o dinheiro sempre sobrou, a sua direção nunca soube muito bem o que fazer com ele. E quando fez, fez errado. Construíram trocentos estúdios de novelas no Rio a um custo extraordinário, e o aproveitamento daquilo é quase nenhum", avalia o colunista do UOL Flávio RIcco.
"A sua programação nunca teve uma linha definida. Quando chegou a hora do ‘vamos ver’, a hora de botar ordem na casa, o enxugamento começou pela folha de pagamento, daí as dispensas ocorridas ao longo de quase um ano”, completa o jornalista.
O aperto nas contas de 2013, no entanto, não intimidou as emissoras a fazerem gastos estravagantes. A Band, por exemplo, adquiriu um helicóptero para o jornalismo e levou uma comitiva de 14 executivos para uma feira de TV em Cannes, na França, causando revolta entre funcionários.
Procuradas, Band, Record e TV Cultura não comentaram o assunto.
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