Memória da TV
Fotos: Divulgação
Silvio Santos no Troféu Imprensa de 2013; edição com os melhores de 2015 vai ao ar hoje
THELL DE CASTRO
Publicado em 22/5/2016 - 9h22
Criado em 1958 pelo jornalista Plácido Manaia Nunes (1934-2007), o Troféu Imprensa já premiou a mulher mais bela, o artista mais simpático e até a melhor orquestra e o comentarista econômico, mas perdeu relevância ao longo de quase cinco décadas. Considerado o Oscar da TV brasileira, já não tem mais a repercussão que ostentava nos anos 1970, quando Silvio Santos assumiu sua organização. A edição que premia os melhores de 2015 será exibida hoje (22) à noite pelo SBT.
As primeiras transmissões do evento foram feitas pela TV Tupi, nos anos 1960. Na década de 1970, a atração passou a ser exibida dentro do Programa Silvio Santos, na Globo. Com a saída do animador da emissora, em 1976, a premiação deixou de ser realizada entre 1978 e 1980. Em 1981, foi mostrada pela Record, que tinha o animador como sócio. Por fim, desde 1982, foi ao ar pelo SBT.
O programa já teve diversos formatos e inúmeras categorias _algumas rapidamente esquecidas. Nos primeiros anos, era realizado um grande show, com atrações musicais. Os indicados compareciam, e os escolhidos já recebiam seus troféus. Quem faltava, não ganhava, e o prêmio passava para o segundo ou até o terceiro colocados.
Em 1976, Silvio Santos fez até uma brincadeira. Os vencedores ganharam um envelope contendo uma chave. Aquele que conseguisse dar partida em um carro o levava para casa. Chico Anysio (1931-2012) foi o sortudo.
Com o passar do tempo, algumas categorias criadas inicialmente foram deixadas de lado, até mesmo pela evolução do veículo. Na edição de 1961, por exemplo, que premiou os melhores de 1960, foram votadas categorias como melhor orquestra (Enrico Simonetti, da TV Excelsior), melhor garota-propaganda (Neide Alexandre, da TV Tupi) e melhor balé (Maria Pia Finocchio, da TV Tupi).
Todo ano, categorias eram adicionadas e retiradas sem critério. Em 1977, por exemplo, Pepita Rodrigues foi eleita a mulher mais bonita da TV e o destaque feminino da TV em 1976, enquanto Chico Buarque foi o destaque masculino.
Outra categoria constante nos anos 1970 e 1980 era a de melhor jurado, já que praticamente todos os programas de auditório tinham o seu próprio júri para avaliar calouros. Em 1977, Elke Maravilha foi eleita a melhor jurada de 1976, enquanto Pedro de Lara venceu em 1981.
Durante muito tempo, também foi escolhido o canal de TV do ano. No Troféu Imprensa de 1961, a TV Tupi foi a melhor; já a Record levou em 1967, 1968, 1969 e 1970, principalmente em virtude de seus festivais de música e humorísticos como a Família Trapo; nos anos 1970, o domínio foi da Globo. A categoria deixou de ser promovida no início dos anos 1980.
Entre 1986 e 1988, a categoria momento mais marcante escolheu cenas que ficaram guardadas na memória do telespectador: a morte de Tancredo Neves (1985), a explosão do ônibus espacial Challenger (1986) e o acidente com vazamento de césio em Goiânia (1987).
Enfim, várias categorias tiveram vida curta na premiação: melhor comentarista econômico; melhor filme de longa-metragem; melhor desenho animado; melhor filme ou seriado; mulher mais elegante; artista mais querido da TV; artista mais simpático da TV; melhor programa sertanejo; melhor compositor, entre outras.
É fato que, nos últimos anos, o Troféu Imprensa perdeu a relevância que tinha até os anos 1990. Para completar, em 2006, após um conflito nas agendas de Silvio Santos e dos jornalistas convidados para o júri, com algumas idas e vindas para a gravação do programa, que acabou cancelado, os melhores de 2005 não foram conhecidos.
THELL DE CASTRO é jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira (Editora InHouse). Siga no Twitter: @thelldecastro
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