SEM COMIDA
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Reginaldo Faria e Maria Beltrão no É de Casa deste sábado (18); ela confessou sonho maluco
A apresentadora Maria Beltrão ficou tão ansiosa para entrevistar o veterano Reginaldo Faria que teve um sonho no mínimo inusitado: ela recebia o ator na própria casa, mas não tinha o que oferecer para ele comer. "Não tinha cafézinho, o pão de queijo tinha sumido, não tinha um bolinho... Eu entrei numa ansiedade...", confessou ela, ao receber o artista no É de Casa deste sábado (18).
Ele afirmou que, com essas circunstâncias, realmente não lhe faria a visita. "Já pensou? Passar fome?", brincou a jornalista. "Sabe por quê? Não tinha pão de queijo. Não tinha nada...", concordou o ator.
Os dois falaram sobre trabalhos marcantes do artista de 87 anos. A apresentadora deu destaque para Vale Tudo (1988), que ganhará um remake a partir de março, mas também abordou Tieta (1989) e Cabocla (2004), que estão em reprise na Globo. O ator integra o elenco das duas novelas.
Ele, no entanto, admitiu não ter muitas lembranças da trama protagonizada por Betty Faria. "Meu personagem não falava com sotaque nordestino, e todos atores falavam com sotaque. Eu sei que fiquei superdeslocado, me senti muito mal. Eu achava que eu não estava dentro desse personagem. Talvez até por isso eu tenha bloqueado essa coisa da lembrança, da memória, da história..."
O ator, no entanto, se recorda de ter sofrido um acidente nos bastidores das gravações. Quando eles foram gravar no mangue seco, acabaram passando a noite numa pousada, em que dividiram beliches. O diretor Paulo Ubiratan dormiu na parte de cima da cama, que acabou quebrando no meio da madrugada. "E eu: 'Aí, tô morrendo, me mataram aqui'. Eu pensei que era aquela areia, aquela ventania que dá, que cobre tudo, [que tinha o sufocado]."
Mas o público o impede de esquecer de Vale Tudo, novela na qual interpretou Marco Aurélio, um de seus personagens mais marcantes. "Todo problema político que aconteça no Brasil, a entrevista vem em cima da minha banana. Eu já não sei o que eu faço. Não tenho mais bananeira na minha casa", brincou.
Essa banana tem uma... Uma simbologia muito forte, né? Todo esse processo político que a gente vem vivendo, e eu vivi naquela época... Porque não era necessário que eu participasse dos movimentos políticos, mas, como cidadão, eu participava de um contexto massacrado por um processo estúpido de inflação. 40% ao dia, de 2000% ao ano.
Os bastidores também eram conturbados. O artista ficava em "pânico" devido à pressão do diretor, Dennis Carvalho, e ao fato de a novela ter uma frente de capítulos muito pequena. "Era quase ao vivo. E isso deixava o ator em pânico e, ao mesmo tempo, incorporava no ator a grande necessidade de sobreviver, de fazer a cena bem feita. Era um processo muito novo, muito inédito", afirmou.
O ator também afirmou que assistirá ao remake, principalmente pelo fato de o novo intérprete de Marco Aurélio, Alexandre Nero, ter feito questão de contatá-lo. "Ele disse: 'Não, eu queria te perguntar, quais foram os recursos que você buscou para encontrar esse personagem e tal'. Eu falei: 'Alexandre, eu não me lembro, porque eu já vivia dentro desse processo. A sociedade já era massacrada pelo problema que a gente vivia. O que eu fiz foi colocar a minha sensibilidade dentro disso", explicou.
Ele também aconselhou o colega: "'Eu acho que você não deve procurar olhar para o meu personagem para se inspirar. Busque você a sua sensibilidade, o seu talento... ", arrematou ele. "É um ator talentoso. E aí ele me agradeceu, e eu fiquei muito honrado de saber que ele me telefonou, que quis falar comigo".
"Quem não gostaria de falar com o senhor?", brincou Maria Beltrão. "Tem muita gente que não quer falar. Principalmente agora, com a idade que eu estou", arrematou ele.
O artista também comentou a morte de Ney Latorraca (1944-2024), com quem trabalhou em Vamp (1992). "Eu tinha uma enorme admiração pelo Ney, então contracenar com ele... Para mim, era tremer na base. Quando eu ficava na frente dele, eu tremia. Eu via o Ney fazendo trabalhos maravilhosos antes de trabalhar comigo. E aí a gente fez uma luta de espadas e tal, e sem querer eu furei perto dos olhos dele. Eu fiquei vários dias sem dormir: 'Meu Deus, o que eu fiz com o Ney e tal'", revelou o ator.
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