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NO RODA VIVA

Marcelo Rubens Paiva rebate crítica de que Ainda Estou Aqui é recorte de 'elite branca'

REPRODUÇÃO/TV CULTURA

Marcelo Rubens Paiva usa uma camisa social azul e está sério

Marcelo Rubens Paiva no Roda Viva desta segunda (23); ele falou sobre o filme Ainda Estou Aqui

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 24/12/2024 - 17h16

O autor Marcelo Rubens Paiva, que escreveu o livro que deu origem ao filme Ainda Estou Aqui, foi sabatinado pelo Roda Viva desta segunda (13) e respondeu uma crítica sobre a obra. O jornalista e escritor Tom Farias mencionou críticas que afirmavam que o filme precisava de um recorte mais amplo da Ditadura Militar (1964-1985), que mostrasse como o período afetou pessoas negras e de classes sociais menos abastadas.

Mas o escritor, filho do ex-deputado Rubens Paiva (1929-1971) e da advogada Eunice Paiva (1929-2018), retratados nas obras, discordou das opiniões.

"O livro era sobre a minha mãe, sobre aquele período, aquele fato, mas o que é importante no filme é que mostra uma família burguesa que poderia se acomodar, como quase todas as famílias burguesas brasileiras, poderia se aproveitar da ditadura para enriquecer, com a maioria das famílias paulistanas fizeram, só que não", começou ele.

"Meu pai, com 32 anos, lutou pela Reforma de Base, que é exatamente para tirar os negros da posição em que eles estavam --os negros, vulneráveis e pobres; pela Reforma Agrária na beira das estradas, o que seria fantástico; imagina, se você tem, nas estradas, pequenas fazendas de agricultura familiar que criam porco, leite, alface, e vendem para as cidades...", continuou ele.

O escritor admitiu que ele aborda mais esses aspectos no livro, uma vez que jogava bola com a "galera da Favela do Pinto". O jornalista Tom Farias, contudo, o interrompeu. "Se fosse uma família de classe média baixa ou negra, você acha que a ditadura teria o mesmo comportamento... Ou seja, chega em sua casa, senta, dá bom dia ou boa noite, almoça com a família, joga cartas... Ou sairia arrombando portas?", declarou ele.

"E roubando, matando, torturando, como foi com a família do Amarildo, né, como foi com a Marielle [Franco, 1979-2018], sem a menor dúvida", complementou o autor.

"As três grandes organizações de luta armada eram lideradas por três negros, né? O PCdoB [Partido Comunista do Brasil], na guerrilha do Araguaia [1967-1974], era liderado pelo Osvaldão [1938-1974]. A ALN [Ação Libertadora Nacional, que atuou entre 1968 e 1974], pelo Marighella [1911-1969]; e a VPR [Vanguarda Popular Revolucionária, formada em 1966 e extinguida em 1971], pelo Onofre Pinto [1937-1974]. Então, podia contar as histórias dessas pessoas", continuou ele.

O escritor também citou Ana Dias, mulher negra que perdeu o marido, Santo Dias (1941-1979), um operário sindicalista. Ele foi torturado e morto na década de 1970, mas ela não se rendeu. "Ela está viva, eu a conheci. É uma pessoa fantástica, tem que se fazer um livro sobre ela. Então, eu acho que esse filme... Tomara que abra portas. Que incentivem outros personagens que falem dessa periferia, que a gente não consegue abordar no meu filme, porque não é a nossa história. A nossa história é a da família burguesa", arrematou.

"Eu concordo com você. É um assunto fundamental, prioritário, o Brasil está sofrendo com isso, ainda mais hoje em dia.... Você sabe que esse cidadão que jogou o rapaz para debaixo da ponte, aquele policial militar, era segurança da escola dos meus filhos", finalizou ele.

O escritor se referiu ao caso em que o soldado Luan Felipe Alves Pereira arremessou um rapaz de uma ponte em Vila Clara, região de Cidade Ademar, zona sul de São Paulo, durante a dispersão de um baile funk. A vítima se chama Marcelo, tem 25 anos e é entregador. Ele caiu de cabeça de uma altura de três metros e teve vários ferimentos, mas passa bem.

No Roda Viva, Marcelo Rubens Paiva ainda admitiu que não acredita nas chances do filme no Oscar. "Eu acho difícilimo. A Fernandinha (Fernanda Torres, que interpreta Eunice no filme e está cotada como um dos nomes indicados a Melhor Atriz) é ainda mais difícil", afirmou ele.

A atriz pode disputar o prêmio com Demi Moore, Nicole Kidman, Angelina Jolie e Tilda Swinton, todas cotadas para o prêmio. "São atrizes absurdamente geniais e fantásticas, são as melhores atrizes de Hollywood, que já ganharam Oscars, inclusive. Tomara que Hollywood dê uma rasteira no óbvio", arrematou. A lista de indicados será divulgada no dia 17 de janeiro de 2025, e a cerimônia de premiação será no dia 2 de março em Los Angeles, nos Estados Unidos.


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