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ANTES DE APOCALIPSE

Igreja do mal, anjo louco e pastor ladrão: cinco polêmicas com a fé na televisão

Reprodução/RecordTV

Flávio Galvão (à esq.) e João Bourbonnais em Apocalipse: igreja satanista lembra a Católica - Reprodução/RecordTV

Flávio Galvão (à esq.) e João Bourbonnais em Apocalipse: igreja satanista lembra a Católica

LUCIANO GUARALDO

Publicado em 28/11/2017 - 6h00

Lançada na última terça (21), a novela Apocalipse gerou polêmica já em sua primeira semana ao apresentar como grande vilã da trama a Igreja da Sagrada Luz, uma instituição satânica sediada em Roma e cujos sacerdotes usam vestuário similar à de padres da Igreja Católica. Para o público, seria uma forma de a Igreja Universal, mantenedora da Record, atacar o catolicismo. A novela escrita por Vivian de Oliveira, porém, não é a primeira obra que usa a fé de forma controversa.

A própria Universal já foi alvo de uma minissérie, Decadência, exibida em 1995 pela Globo. A obra de Dias Gomes girava em torno de um homem que fundou uma igreja evangélica e via na fé dos seus seguidores uma maneira de enriquecer facilmente. Disponível na Netflix, a série Greenleaf também mostra os bastidores de um templo em que a corrupção corre solta e cujo pastor está longe de ser um homem bom.

Figuras típicas do catolicismo, os anjos também já foram escrachados na TV na novelas Deus Nos Acuda (1992), da Globo. Já o sucesso A Viagem (1994) ousou ao misturar na TV conceitos kardecistas como reencarnação e vida após a morte com espíritos vingativos.

Os conceitos controversos levantados por Apocalipse não são inéditos: a série americana O Exorcista também coloca alguns padres da Igreja Católica em uma conspiração satanista.

Confira sete produções que, antes de Apocalipse, geraram polêmica ao abordar a fé:

divulgação/memória globo

Edson Celulari viveu o pastor Mariel em Decadência: texto para acalmar críticos evangélicos

Decadência
Órfão desde pequeno, Mariel (Edson Celulari) foi criado pela empregada Jandira (Zezé Polessa) na mansão de um milionário, de onde acaba expulso. Em busca de enriquecimento fácil, ele funda uma igreja evangélica, o Templo da Divina Chama, que rapidamente se espalha pelo país. Com a expansão, Mariel troca o discurso cristão por outro de ganância e vingança: seu sonho é destruir a mansão onde cresceu para construir um grande templo.

A minissérie causou polêmica junto a alguns grupos evangélicos, que considerou a obra um ataque direto à Igreja Universal. Para evitar problemas, a abertura da trama começou a contar com um texto lido por Edson Celulari que dizia ser "imprescindível renovar seu respeito a todas as religiões".

divulgação/memória globo

Christiane Torloni (de rosa, à dir.) em A Viagem: Céu espírita da novela não tinha negros

A Viagem
Com média de audiência de 52 pontos, a novela das sete foi um dos maiores sucessos da Globo em 1994 e foi reprisada duas vezes (em 1997 e 2006) no Vale a Pena Ver de Novo. A trama sobre o romance de Diná (Christiane Torloni) e Otávio (Antônio Fagundes) e as ameaças do espírito vingativo Alexandre (Guilherme Fontes) foi inspirada em livros do conhecido médium Chico Xavier (1910-2002) e seguia princípios kardecistas.

Como o Brasil era predominantemente católico na época da primeira exibição, a presença do espiritismo no horário nobre gerou controvérsia com o público conservador, que não aceitava uma novela sobre a vida após a morte ou lugares como o Vale dos Suicidas, no qual Alexandre estava preso. A obra também foi acusada de racismo por não mostrar negros no Céu _na reta final, figurantes de cor se juntaram às almas da novela.

divulgação/memória globo

Dercy Gonçalves (em cena com Cláudio Correia e Castro) interpretava um anjo nada angelical

Deus Nos Acuda
A escolha de Dercy Gonçalves (1907-2008) para viver Celestina, o anjo responsável por cuidar do Brasil, foi vista com desconfiança pelo público. Afinal, Dercy ficou famosa por falar muitos palavrões, tirar a roupa em situações inusitadas e ser escrachada demais. Uma postura que não é esperada de um anjo.

Os autores Silvio de Abreu, Alcides Nogueira e Maria Adelaide Amaral, porém, criaram um personagem sob medida para a atriz: Celestina era espontânea, gritava e mais criava confusões na Terra do que as resolvia. O próprio Abreu chegou a declarar que escrevia as falas para Celestina exatamente como Dercy costumava falar, com piadas o tempo todo.

reprodução/fox

Cena da segunda temporada de O Exorcista chocou ao mostrar padres possuídos por demônio

O Exorcista
Baseada no filme clássico de 1973, a série O Exorcista tem mostrado uma verdadeira conspiração dentro da Igreja Católica ao dividir seus personagens em dois núcleos: enquanto os padres Tomas (Alfonso Herrera) e Marcus (Ben Daniels) lutam contra demônios em possessões, Bennett (Kurt Egyiawan) tenta provar que o Vaticano foi infiltrado por forças malignas.

Em uma sequência do terceiro episódio, a aprendiz de exorcista Mouse (Zuleikha Robinson) se infiltra em um jantar de figurões da igreja e serve a eles uma torta batizada com pó de hóstia consagrada. Os padres, possuídos pelo mal, começam a vomitar sangue até que são incinerados em um incêndio. Ao Notícias da TV, os produtores brincaram que não imaginavam que a série fosse uma das queridas no Vaticano.

divulgação/own

Keith David interpreta James Greenleaf, um pastor que se comporta de maneira corrupta

Greenleaf
Exibida nos Estados Unidos no canal de Oprah Winfrey, Greenleaf expõe escândalos de uma imponente igreja evangélica, com cenas de sexo e de lavagem de dinheiro dentro de um templo. A congregação Ministério Mundial da Sociedade do Calvário é encabeçada pelo bispo James Greenleaf (Keith David), que desvia verbas da igreja para uso pessoal e acaba envolvido em uma investigação.

A série ainda aborda temas controversos no meio evangélico, como pedofília, adultério, homossexualidade e abuso de poder. Apesar dos assuntos polêmicos, Greenleaf faz sucesso e já foi renovada para a terceira temporada, prevista para 2018.

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