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Memória da TV

Há 50 anos, Globo ensaiou estreia, mas só ficou famosa com tragédia

Fotos: Memória Globo

Operador de câmera da Globo em 1965, quando a emissora foi inaugurada no Rio de Janeiro - Fotos: Memória Globo

Operador de câmera da Globo em 1965, quando a emissora foi inaugurada no Rio de Janeiro

THELL DE CASTRO

Publicado em 26/4/2015 - 7h37

Símbolo da moderna televisão brasileira, a Globo já começou técnica. Antes mesmo de sua estreia, há 50 anos, a emissora protagonizou um feito inédito, até então, na história da televisão brasileira: 24 horas antes de entrar no ar, toda a programação do primeiro dia foi ensaiada em circuito fechado, com o objetivo de proporcionar últimos ajustes e entrosamento da equipe. A Globo, no entanto, só viria ficar famosa um ano depois, com uma grande cobertura de uma trágica enchente no Rio de Janeiro.

A inauguração da emissora aconteceu às 11 horas e 35 segundos de 26 de abril de 1965, uma segunda-feira. Após a execução do Hino Nacional, o então diretor-geral do canal, o jornalista Rubens Amaral, leu uma mensagem de Roberto Marinho. Quem apertou o botão e colocou a emissora no ar foi Mário Pagés, operador do controle-mestre.

A mensagem de Roberto Marinho começava da seguinte forma: “É com orgulho que entregamos à cidade do Rio de Janeiro a TV Globo. A partir de agora, seus estúdios, seus departamentos, seus transmissores, suas instalações e todos os seus recursos estarão a serviço do público desta cidade e dos espectadores das áreas vizinhas alcançadas pelo nosso sinal. O canal 4 é resultado de um longo trabalho de companheiros da família de O Globo e de muitos outros que a ela vieram se juntar com o objetivo de dar à cidade uma televisão moderna e variada, construída dentro dos preceitos da técnica, tendo em vista os mais altos padrões internacionais”.

Inicialmente, a Globo ficava no ar diariamente das 11h à meia-noite. O primeiro programa exibido foi o infantil Uni-Duni-Tê, com a professora Fernanda Barbosa Teixeira, a Tia Fernanda.

A primeira novela foi ao ar no mesmo dia: Ilusões Perdidas, escrita por Ênia Petri. Estreou às 22h e contou com 56 capítulos. No elenco, Reginaldo Faria, Leila Diniz e Osmar Prado. Exibida às 19h30, em poucos dias foi transferida para o horário das 22h.

Em seu primeiro ano, a emissora exibiu a série 22-2000 Cidade Aberta, estrelada por Jardel Filho. A produção foi coproduzida pela Globo, pelo jornal O Globo e pelo estúdio Herbert Richers. Ficou no ar até 1966.

A grade original também tinha duas edições do noticioso Teleglobo, que contava com a atriz Nathalia Timberg entre seus apresentadores. Ainda eram exibidos desenhos animados, filmes, séries norte-americanas, como As Enfermeiras e Os Defensores, programas femininos, como Sempre Mulher e Festa em Casa e o noturno Show da Noite, com Gláucio Gil.

Fernanda Barbosa Teixeira à frente do Uni-Duni-Tê, primeiro programa da Globo

Crossmedia

A Globo também protagonizou o primeiro crossmedia (cruzamento de mídias) do Brasil, antes mesmo da definição desse conceito, que veio nos anos 1990: o programa jornalístico Se a Cidade Contasse, exibido no fim da noite, também dava nome a uma coluna diária do jornal O Globo e um quadro na Rádio Globo. Só que a atração televisiva não durou muito tempo.

O primeiro aniversário da Globo, em 26 de abril de 1966, não teve comemoração. Somente a programação normal foi exibida. O jornal O Globo destacou, no dia seguinte, que deputados e personalidades parabenizaram a emissora, pela programação e aparato técnico. Outro destaque foi o jogador Pelé, se preparando junto com a Seleção Brasileira em Caxambu (MG) para a Copa do Mundo daquele ano. Ele compôs uma música para celebrar o primeiro ano do canal.

A Globo se tornou mais conhecida a partir de uma grande enchente que assolou o Rio de Janeiro em 1966, deixando mais de 200 mortos. A emissora interrompeu sua programação e, mesmo sem as condições tecnológicas dos dias atuais, fez uma grande cobertura dos acontecimentos, além de concentrar as doações aos desabrigados.

O topo no ranking de audiência veio definitivamente no final dos anos 1960, com o aperfeiçoamento das novelas, os programas de auditório, como de Silvio Santos e de Chacrinha, e a estreia do Jornal Nacional, quando se transformou em rede.

A continuação dessa história já é conhecida...


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