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SEM CONCORRÊNCIA

Globo joga fora sua maior 'regra de ouro' em nova era do Domingão com Huck

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Homem de barba grisalha, usando peruca loira e vestido vermelho brilhante, faz pose divertida com mão levantada e piscando um olho.

O apresentador Marcos Mion como a cantora Mariah Carey no Batalha do Lip Sync, do Domingão

DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 10/11/2024 - 12h00

Um dos quadros de maior repercussão do Domingão com Huck, o Batalha do Lyp Sync viu a pá de cal em uma "regra de ouro" que orientou a programação da Globo durante décadas. O apresentador Luciano Huck coloca o dominical em uma nova era ao prestar homenagem a quem fez história na TV --mesmo bem longe da emissora, conhecida justamente por não falar (tanto) da concorrência.

Marcos Mion colocou um vestido vermelho e uma peruca para se transformar em Mariah Carey no último domingo (3), mas foi a sua primeira performance que ganhou as redes sociais. Afinal, o fortão reviveu um dos maiores sucessos da MTV Brasil, que ele ajudou a transformar em referência nos anos 2000.

Ele e Sarah Oliveira voltaram à sua época de VJ para recriar uma edição do Disk MTV (1990-2006), que foi uma das atrações mais populares da emissora e fez parte da "era de ouro" dos videoclipes nos anos 1990.

Essa não foi a primeira vez que Huck apelou a nostalgia do público, já que João Augusto Liberato fez uma homenagem a Gugu Liberato (1959-2019) também no Batalha do Lip Sync, reconstruindo o palco do Domingo Legal em plena Globo. Um feito e tanto para quem viveu a guerra entre o programa de auditório do SBT e o Domingão do Faustão (1989-2021) na década de 2000.

Se hoje não são incomuns as citações da Globo à concorrência, essas mesmas menções eram um verdadeiro tabu no passado. Não à toa, até hoje as pessoas se lembram de quando uma marca teve que desembolsar milhões para convencer a emissora a colocar Faustão para conversar ao vivo com Gugu --e no auge da disputa pelo Ibope.

Um dos motivos para a mudança é o que o pesquisador britânico Simon Reynolds chamou de "retromania", em que a cultura popular cada vez mais estimula réplicas em vez de reimaginações do passado. Não é de hoje que o público está obcecado com o passado.

A própria Globo já fez diversos remakes durante a sua história, como A Viagem (1994) e Irmãos Coragem (1995), mas nunca os explorou tanto quanto agora --Vale Tudo vem aí para provar que a onda não acabou. E, cada vez mais, essa tendência deixa a teledramaturgia para atingir outros programas da casa.

O Domingão é apenas um exemplo, mas esse fenômeno pode ser observado também no Caldeirão, que já foi acusado até mesmo de "copiar" quadros antigos do SBT. Até aqui, esse caminho parece bem longe de acabar...


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