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ANÁLISE

Globo demonstra ingratidão com quem veste a camisa ao demitir Rodrigo Lombardi

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Rodrigo Lombardi faz careta em cena de Mania de Você

Rodrigo Lombardi em uma de suas últimas cenas como o vilão Molina de Mania de Você

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 29/3/2025 - 20h43

Maior fracasso da história da Globo na faixa das nove, a novela Mania de Você chega ao fim neste sábado (29) com a reprise do último capítulo e deixa uma mancha na imagem da Globo. O ator Rodrigo Lombardi, intérprete do vilão Molina no folhetim, não terá seu contrato renovado e sairá da emissora depois de 20 anos. É um tapa na cara do artista, que sempre vestiu a camisa da empresa e nunca negou trabalho.

Depois de passar por Band, Record e SBT, Rodrigo Lombardi estreou na Globo em outro fracasso histórico da emissora, a novela das sete Bang Bang (2005). Praticamente emendou o faroeste com Pé na Jaca (2006), na qual viveu o irmão do protagonista Lance (Marcos Pasquim).

Sua virada profissional veio com Caminho das Índias (2009): a autora Gloria Perez e o diretor Marcos Schechtman apostaram no galã para interpretar o antagonista Raj, que tinha sido prometido para a mocinha Maya (Juliana Paes) e seria um obstáculo para o romance dela com Bahuan (Marcio Garcia).

Só que o público não comprou o amor do "intocável" com a filha de Manu (Osmar Prado) e Kochi (Nivea Maria) e passou a torcer para que Maya se apaixonasse de verdade por Raj. O vilão virou mocinho, e Lombardi foi elevado ao posto de protagonista da história --que até ganhou o Emmy Internacional.

Depois, o galã estrelou o remake de O Astro (2011), virou "o cara" de Salve Jorge (2013), se desconstruiu em Meu Pedacinho de Chão (2014) e encarou cenas de sexo intensas com Camila Queiroz em Verdades Secretas (2015).

Ele também foi um dos protagonistas de A Força do Querer (2017), atuou em inglês na minissérie Passaporte para a Liberdade (2021) e, em dívida eterna com Gloria Perez, aceitou até viver o inconstante e inconsequente Moretti da fraquíssima Travessia (2022).

No meio disso tudo, encarou o desafio de substituir Domingos Montagner (1962-2016) como o astro da série Carcereiros (2017-2021), após a morte trágica do colega, e topou até ser jurado do The Masked Singer quando ninguém sabia se o formato sul-coreano funcionaria também no Brasil.

Lombardi é o que o mercado chama de "team player", aquele que veste a camisa da empresa mesmo e topa tudo o que lhe é proposto --é uma categoria que inclui Tony Ramos, por exemplo. Não por acaso, o último papel do galã na Globo sequer deveria ser dele: Molina foi escrito para Murilo Benício, que recusou o convite aos 45 minutos do segundo tempo por não ter chegado a um acordo financeiro com a emissora.

Rodrigo entrou às pressas no folhetim de João Emanuel Carneiro e, mesmo sem muito tempo para se preparar ou construir o grande vilão, conseguiu roubar a cena na primeira fase da novela das nove e, quando voltou à história como um "morto-vivo", se esforçou para encontrar uma lógica até nos roteiros cada vez mais aleatórios que eram entregues ao elenco.

A saída de Rodrigo Lombardi da Globo já era esperada e não foi uma consequência da péssima audiência de Mania de Você. No ano passado, em entrevista à coluna de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo, disse que via o fim de seu contrato como um processo natural para o mercado.

"Tenho contrato fixo até 2025. A gente teve uma reunião há muito tempo e foi avisado pelo Ricardo Waddington [diretor de Entretenimento da emissora até 2023] que, ao final de todos os contratos, eles se acabariam. E vida que segue. Acho um movimento supernatural", minimizou ele, na época.

Mesmo prevista e combinada com antecedência, a dispensa do galã pega muito mal nos bastidores da Globo. Afinal, se até alguém que veste tanto a camisa da emissora está vulnerável ao facão, qual é a motivação para que outros talentos se esforcem para ir além do que é esperado deles?


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