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A última reportagem

Equipe do CQC é agredida e prefeito assiste a tudo sem fazer nada

Reprodução/Band

O repórter Erick Krominski à frente da plateia do CQC; programa acaba dia 28 - Reprodução/Band

O repórter Erick Krominski à frente da plateia do CQC; programa acaba dia 28

DANIEL CASTRO

Publicado em 17/12/2015 - 18h55
Atualizado em 18/12/2015 - 15h31

No ar desde 2008, o CQC se despede da programação da Band em "grande estilo". Em gravação de reportagem na manhã de hoje (17) em Paraty, no litoral sul do Rio de Janeiro, uma equipe do programa foi agredida por supostos capangas da prefeitura local. A novidade é que o prefeito de Paraty, Carlos José Gama Miranda (PT), assistiu a tudo sem fazer nada. "Nunca imaginei que pudessem tentar impedir a gente de gravar na frente de um prefeito. Essa é a última reportagem que faço para o programa. Estou impressionado: Como isso pode acontecer na frente de uma autoridade pública e ela não fazer nada, não falar nada?", questiona o repórter Erick Krominski.

O material irá ao ar na próxima segunda-feira (21), no último CQC ao vivo de 2015. No dia 28, a Band exibirá uma compilação de melhores momentos da atração. Em 2016, o CQC ficará fora do ar, para descansar a imagem. A Band promete retornar com o formato em 2017.

Krominski, a produtora Fernanda Rodrigues e o cinegrafista Pedro Melão foram até Paraty fazer uma reportagem sobre as providências que não foram tomadas desde setembro, quando um acidente com um ônibus que deveria ser fiscalizado pela prefeitura deixou 15 mortos na estrada que liga a cidade à praia de Trindade.

A equipe já tinha gravado material dentro de ônibus, no local do acidente, com parentes de vítimas e com pessoas denunciando descaso na fiscalização. Os profissionais foram, então, até a prefeitura falar com o prefeito. Inicialmente, os assessores disseram que ele não iria da entrevista. "A gente falou que não ia sair de lá sem falar com o prefeito", conta Krominski. Depois de um tumulto, o prefeito aceitou receber apenas uma pessoa do CQC. O repórter insistiu e conseguiu entrar em uma sala com o cinegrafista. O prefeito o recebeu sorrindo.

"Comecei a entrevista e um funcionário começou a tentar desconectar a câmera. Eu perguntei quem ele era e ele falou 'Foda-se'. O capanga pegou meu microfone e deu socos nele. O chefe de comunicação da prefeitura começou a desrosquear o microfone. Enquanto isso, [o cinegrafista] Melão e um segurança ficaram brigando pela câmera, cada um puxando de um lado. Na confusão, conseguiram tirar a bateria da câmera e sumiram com ela. A gente já estava sem câmera e o prefeito ficou sentado, olhando tudo, sem fazer nada", relata Krominski, indignado.

Para o repórter, o objetivo dos assessores do prefeito "era roubar o material" que o CQC havia gravado. A bateria da câmera não foi devolvida. A gravação só terminou, do lado de fora da prefeitura, com bateria reserva. 

Krominski não se machucou. A produtora Fernanda Rodrigues teve menos sorte. Voltou de Paraty com o peito dolorido. "Estou no programa há sete anos e nunca vivi uma situação tão agressiva como essa", diz.

O Notícias da TV ligou para vários telefones da Prefeitura de Paraty, desde as 17h15 desta quinta, mas não conseguiu falar com ninguém até a publicação deste texto. A prefeitura só se manifestou nesta sexta (18). Leia texto aqui.


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