NOVAS TECNOLOGIAS
Reprodução/TV Globo
Grazi Massafera na cena de Travessia em que conversou com Jade Picon por realidade virtual
Conhecida por ser uma autora à frente do seu tempo, Gloria Perez já está pensando em como será a experiência do público com uma "novela fora da tela". Animada com o anúncio de um dispositivo baseado em inteligência artificial que projeta informações em objetos e até na pele humana, a autora já está imaginando uma nova forma de assistir aos folhetins: com os personagens no meio da sala do telespectador.
"Quando vi um anúncio agora de um telefone sem tela que vai aparecer muito brevemente --ou não tão brevemente, mas logo mais adiante--, [pensei que] nós vamos poder ter a novela fora da tela, né?", começou Gloria, que já teve uma pseudoexperiência do gênero em uma novela anterior.
"O Hans Donner profetizou isso quando fez a abertura de Explode Coração [1995] em que a bailarina sai da tela e dança", disse a autora de Travessia (2022) durante o lançamento do livro A Telenovela e o Futuro da Televisão Brasileira (Cobogó), escrito por Rosane Svartman, no Rio de Janeiro.
carla bittencourt/notícias da tv
Gloria participou de conversa sobre novelas com Rosane Svartman
A veterana foi convidada para um bate-papo sobre novelas ao lado da autora de Vai na Fé e de Bia Corrêa do Lago, que assinou Tempo de Amar (2017). Gloria afirmou que, em breve, vai ser necessário repensar a maneira de fazer novela com essas novas tecnologias e possibilidades.
"Vamos ter que encontrar também uma forma de nos ajustar a isso, porque a cena não vai se passar ali na televisão; a cena vai estar ocorrendo aqui entre nós. Ficaremos no meio de hologramas. A gente vai estar assistindo, e a personagem sairá da tela se você tiver o aparelho sem tela", profetizou ela, que fará uma participação especial em Vai na Fé.
Em Travessia, Gloria Perez ainda colocou Débora, papel de Grazi Massafera, para aparecer no fim da história depois de morta, em holograma. Alheia a qualquer crítica pela ousadia, a autora citou até mesmo o caso de Bruce Willis, que vendeu sua imagem para ser recriada em filmes com inteligência artificial depois de sua morte.
"Acho assustador, por exemplo, a história do Bruce Willis, que nós vamos ver muitos filmes com ele sem que esteja presente na filmagem. Mas como não falar sobre isso? Acho que a novela, que tem esse alcance enorme, pode propor discussões para que a gente comece a pensar um pouco antes em coisas que vão nos atingir muito diretamente", explicou ela.
Apesar de ser uma autora realista, a criadora de Barriga de Aluguel (1990) e O Clone (2001) defende a ideia de que é preciso usar a imaginação para antecipar tendências, fatos e até a ciência. "Tudo isso já está aí, já está na intuição das pessoas e, se já está no pensamento das pessoas, eu posso incluir em uma novela", apontou.
"Foi assim que O Clone nasceu, por exemplo. Quando fizeram a Dolly, não passou pela cabeça de qualquer um que, já que clonaram uma ovelha, poderiam tentar clonar um ser humano? E como é que seria isso? Então, é esse tipo de observação que pode me levar a criar uma história."
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