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Welder Rodrigues

Comediante do Tá No Ar quase perde a perna e vira fã de telejornal trash

Caiuá Franco/TV Globo

Welder Rodrigues em cena como Jorge Bevilácqua no esquete Jardim Urgente, do Tá no Ar - Caiuá Franco/TV Globo

Welder Rodrigues em cena como Jorge Bevilácqua no esquete Jardim Urgente, do Tá no Ar

FERNANDA LOPES

Publicado em 31/1/2017 - 6h00

Desde a primeira temporada do Tá no Ar, Welder Rodrigues, 46 anos, chama a atenção dos telespectadores pelo bordão "Foca em mim!", inspirado em Marcelo Rezende. Hoje, ele mantém a frase que virou hit no programa, mas prefere assistir aos regionais Sikêra Júnior e Marcão Chumbo Grosso em busca de referências para seu personagem, Jorge Bevilácqua.

Rodrigues, que quase amputou uma perna por causa de um tumor no fêmur, se diz fã de telejornais locais, bem policialescos e sangrentos. É dos programas mais trash que ele tira inspiração para o esquete Jardim Urgente.

"Viajo pelo país inteiro [com o grupo de teatro Os Melhores do Mundo] e assisto aos jornais locais. Eles são loucos, são muito mais frutíferos do que os nacionais. O [José Luiz] Datena e o Marcelo Rezende são pessoas comportadíssimas [em comparação]. [Por exemplo] Aquele cara que falou os maconheiros vão morrer no Natal, ele existe em todas as capitais. Esse tipo de apresentador tem situações incríveis nas TVs locais, eu tento juntar tudo. Gravo vídeos pelo celular quando vejo coisas esdrúxulas pelo país e mando para a redação porque sempre dá algum caldo", relata.

Quando ficou sabendo que Marcius Melhem e Marcelo Adnet teriam um programa de humor na Globo, Rodrigues tomou a iniciativa de telefonar para eles e pedir para participar. "Marcius, não sei o que é mas estou dentro do projeto", ele disse.

Tá no Ar representou a volta do comediante à TV, em 2014. Ele esteve no elenco do Zorra Total de 2003 a 2009, mas "pediu para sair" por estar insatisfeito com o trabalho e para tratar um câncer.

"Tive um tumor no fêmur direito. Eu sinto dor o tempo todo, mas o fato de eu andar já é um bônus, porque na verdade a primeira opinião médica era para amputar minha perna. Mas eu operei, fui cadeirante durante um ano, fiquei fora de tudo nesse período. Andar, mesmo mancando, já está 100%. E, realmente, fazer aquele trabalho corporal [no Zorra Total] era muito cansativo, eu estava esgotado", explica.

"Meu filho também tinha acabado de nascer e eu queria ficar com ele. Foram três fatores [que resultaram no afastamento]: a saúde, meu filho e não estar satisfeito com aquilo, que realmente não é meu lugar, não é o meu humor. Mas hoje estou completamente satisfeito com o que faço. A grana é sensacional, mas estar realizado profissionalmente é incrível", afirma.

mauricio fidalgo/tv globo

O comediante Welder Rodrigues ao lado de Dani Calabresa em gravação do Zorra, em 2016

Além do Tá no Ar (cuja temporada deste ano já está totalmente pronta), Rodrigues também faz parte do elenco do Zorra e começa a gravar os esquetes de 2017 nesta semana. Ele não tem um personagem fixo no humorístico do sábado, e revela que o Jardim Urgente também não foi criado para durar até hoje.

"Aquilo seria um quadro só e acabou. Mas o Marcius viu o Jardim Urgente e falou: 'Não, isso não pode ser só um'. Eu fiquei até meio apreensivo. Quando saí do Zorra Total, foi justamente para não ficar com o estigma do personagem, que não tinha a ver com o que eu faço no teatro. Mas [Jardim Urgente] é muito mais interessante e legal de fazer, me divirto muito".

Entre os trabalhos de humor de Rodrigues, o mais duradouro é o grupo teatral Os Melhores do Mundo, que já teve grandes sucessos com os personagens Joseph Climber e Hermanoteu, por exemplo. O grupo tem 25 anos, e o ator se divide entre as temporadas de peças e gravações de TV.

"Estou no avião a maior parte do tempo. A rotina da TV e do teatro juntos é muito difícil. Pode ser que eu pare daqui a um tempo, ou eu faço uma coisa ou faço outra. Mas como o teatro é minha paixão número 1, é mais provável que eu pare a TV", confessa.

Em cartaz atualmente com a peça Sexo - A Comédia em São Paulo, pela primeira vez o grupo deixará o teatro para atuar na TV. No fim de fevereiro, os integrantes de Os Melhores do Mundo começarão a gravar um programa para o Multishow. Rodrigues deixa transparecer que está ansioso com o resultado da atração, mas se sente mais seguro por fazer parte de um time bem-sucedido.

"Não tenho vontade de ter um programa só meu, nunca almejei meu nome no cartaz. Eu sou uma pessoa de coletivo. No Zorra são 40 pessoas, no Tá no Ar são 12, no Os Melhores do Mundo são seis. Você trabalha muito com o ego quando abre mão do seu nome, e ser de um grupo é muito mais legal. Acho que o coletivo é muito mais forte", afirma.


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