CRÍTICA
Reprodução/TV Globo
Marocas (Juliana Paiva) e Samuca (Nicolas Prattes) na reta final de O Tempo Não Para: faltou história
RAPHAEL SCIRE
Publicado em 26/1/2019 - 6h53
O Tempo Não Para, novela das sete da Globo que chega ao fim na próxima segunda-feira (28), é como aquele aluno aplicado que no início consegue tirar boas notas, mas depois da metade do ano relaxa e vê sua média cair. A trama de Mario Teixeira começou como um sopro de novidade, com uma história criativa e cativante, mas chega ao fim bastante desgastada, principalmente por conta de sua falta de fôlego.
A ideia de um amor separado por séculos, com usos e costumes completamente diferentes, atraiu a atenção do público e da crítica, e o casal protagonista, Samuca (Nicolas Prattes) e Marocas (Juliana Paiva), apresentou uma forte química desde a primeira cena juntos.
Além deles, o elenco no geral estava muito bem escalado, com destaque para Edson Celulari, que conseguiu com Dom Sabino um tipo livre da figura de galã que por anos o perseguiu. Um sujeito divertido e complexo, com humanidade e contradições.
Já o texto foi, sem dúvida, a maior qualidade da novela. Graças a ele, O Tempo Não Para se nivela por cima, apesar da história apagada a partir de sua segunda metade, quando seus problemas de planejamento começaram a aparecer.
O primeiro deles foi o esvaziamento da trama: o encanto e as confusões dos congelados com a modernidade não seguraram tantos acontecimentos, à medida que os personagens passaram a se acostumar com os dias atuais. O que antes divertia ficou banal, prejudicando a narrativa.
Além disso, muitos personagens acabaram "esquecidos no churrasco". Zelda (Adriane Galisteu), Cairu (Cris Vianna), Helen (Rafaela Mandelli), Pedro Parede (Wagner Santisteban), Monalisa (Alexandra Richter) e Amadeu (Luiz Fernando Guimarães), por exemplo, formaram uma galeria de tipos completamente sem função e fizeram apenas figuração de luxo.
Os vilões também não funcionaram como o esperado. Betina (Cleo) perdeu espaço para Mariacarla (Regiane Alves) --o que, em termos de atuação, foi uma bênção para o público--, e Emílio (João Baldasserini) não convenceu como um advogado inescrupuloso. Em uma situação rocambolesca, morreu picado por uma cobra e foi substituído por seu gêmeo Lúcio, um vilão mais frio do que o anterior.
Mas os problemas não se resumiram apenas aos personagens. Os entrechos mirabolantes também comprometeram O Tempo Não Para. Tanto Carmen (Christiane Torloni) quanto Agustina (Rosi Campos) anunciarem que estavam grávidas foi uma pílula difícil de engolir.
Já o vírus mortal adormecido no corpo dos congelados deixou a história muito mais próxima de uma ficção científica mal construída do que propriamente de uma comédia romântica.
Todas essas lacunas acabaram por deixar em segundo plano a maneira correta com que temas delicados, como o racismo, por exemplo, foram tratados na novela. Os problemas ao longo da exibição fizeram com que O Tempo Não Para, uma novela que tinha tudo para ser nota dez, terminasse com média sete: não tão ruim, mas também longe de ser brilhante.
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Resumo dos capítulos da novela O Tempo Não Para - Notícias da TV
Sábado, 26/1 (Capítulo 155)
Resumo do capítulo não será divulgado pela emissora.
Segunda, 28/1 (Capítulo 156)
Resumo do capítulo não será divulgado pela emissora.
Os capítulos de O Tempo Não Para são fornecidos pelas emissoras; sujeitos a alteração sem aviso ... Continue lendo
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