Atriz Helena Fernandes relembra abuso aos 14 anos dentro da própria casa

No Encontro com Fátima Bernardes desta terça-feira (27), Helena Fernandes relembrou o abuso sexual que sofreu quando tinha 14 anos. "Eu vivi isso na adolescência. Não foi uma vez, foram várias vezes, e dentro da minha casa, um lugar onde você teria que se sentir segura", revelou a atriz que está no ar como a Eugênia da novela Bom Sucesso.

O programa falava sobre a estatística de que o Brasil tem um caso de estupro a cada dez minutos, o equivalente a 60 mil casos por ano. A atriz Sheylli Caleffi, que foi vítima de estupro e criou uma rede de apoio para mulheres vítimas de violência sexual, estava no palco. Ela contou sobre suas experiências traumáticas, quando Helena usou a abertura para falar de seu trauma, mas sem revelar detalhes de quem foi o agresssor.

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"Não se fala com clareza sobre estupro e abuso sexual até hoje. É importante frisar que vivemos em uma sociedade machista, doente e tóxica. O homem, ainda hoje, acha que ele tem direito de abusar da mulher", começou Helena.

Ela também defendeu que as vítimas precisam denunciar, que a culpa "nunca é nossa". "Quando se é muito jovem, é difícil você ter essa compreensão do que é o abuso", ressaltou a atriz. 

Fátima Bernardes perguntou para Helena se ela havia conseguido contar para alguém que tinha sofrido um abuso. "Eu vim de uma família muito pobre e desestruturada, e eu tenho essa postura mais agressiva, então a minha defesa foi o ataque", começou a atriz.

Para fugir do abuso, a atriz saiu de casa aos 15 anos, começou a trabalhar em dois lugares diferentes, estudava no período da noite. "Fui levar isso para fora", explicou Helena.

Momentos antes, Sheylli falou sobre o quanto é difícil para uma mulher jovem diferenciar o abuso quando vem de uma pessoa próxima. "Quando você é estuprada na infância, a gente não tem noção do que está acontecendo. E é claro que um pedófilo vai tentar fazer parecer que seja uma coisa legal, geralmente é uma pessoa que todo mundo gosta", esclareceu Sheylli.

"Cada um resolve da sua própria maneira, mas precisamos falar sobre essas coisas porque os números [da estatística sobre estupro] são alarmantes", finalizou Helena Fernandes.