LUTO
JOÃO COTTA/TV GLOBO
Rogéria em foto de divulgação da novela Babilônia, em que interpretou uma síndica
REDAÇÃO
Publicado em 5/9/2017 - 7h00
Morreu na noite desta segunda-feira (4), aos 74 anos, a atriz Rogéria, que se definia como "a travesti da família brasileira". Ela estava internada desde julho no hospital Unimed Rio, no Rio de Janeiro, com um quadro de infecção urinária. A causa da morte foi choque séptico.
Ícone gay, Rogéria foi a primeira travesti a fazer sucesso na televisão brasileira. Foi jurada de inúmeros programas de auditório, como o Cassino do Chacrinha (1982-1988). Como atriz, participou de novelas como Tieta (1989), Paraíso Tropical (2007), e Babilônia (2015), todas na Globo.
Nascida Astolfo Barroso Pinto, em 1943, na cidade de Cantagalo (RJ), Rogéria começou a se vestir de mulher aos 14 anos. Seu nome artístico foi dado pelo público, em 1964, após participar de um concurso de fantasias no Teatro República, no Rio.
Já adulta, foi maquiadora de atores na extinta TV Rio. Em um dos trabalhos, foi incentivada por Fernanda Montenegro a se tornar artista. Recebeu um "empurrão" da atriz Bibi Ferreira, que a colocou no espetáculo Roque Santeiro, na década de 1960, no qual atuava como cantora.
A artista, como Rogéria preferia ser chamada, teve uma biografia lançada em outubro do ano passado: Rogéria - Uma Mulher e Mais um Pouco, escrita por Márcio Paschoal.
No livro, ela conta que, ao contrário da grande maioria das travestis brasileiras, nunca precisou viver de prostitiuição. Também não quis fazer cirurgia de mudança de sexo. Sobre o ativismo LGBT, ela dizia que sua arte já a tornava uma pessoa engajada. "Se as outras travestis estão aí, agradeçam a mim, que sou uma bandeira", costumava repetir.
Rogéria teve muitos casos amorosos. Ela fala sobre isso na biografia, mas não os nomeia, porque "seria muito escândalo".
Em junho deste ano, a artista foi uma das primeiras entrevistadas do programa Conversa com Bial, da Globo. Dividiu a entrevista com a amiga Jane Di Castro, também transformista.
Ambas são protagonistas do documentário Divinas Divas, dirigido por Leandra Leal, que estreou em junho e registra a geração de transexuais e travestis que despontaram durante a Ditadura Militar (1964-1985).
Rogéria está sendo velada no Teatro João Caetano, no Rio de Janeiro, e será enterrada em Cantagalo, onde nasceu.
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