Série da Netflix
Reprodução/Netflix
Christian Malheiros em Sintonia; Nando domina o dialeto da quebrada na série nacional da Netflix
JOÃO DA PAZ
Publicado em 14/8/2019 - 4h34
Além da música, do visual e da trama visceral, Sintonia conquistou o público pela palavra. Mais precisamente pelas gírias da periferia de São Paulo, que formam um dialeto completamente estranho para quem está fora desse mundo. O que é uma mulher perrequeira? E colar com a nave no fluxo? O Notícias da TV explica 25 termos da quebrada ditos na série da Netflix que você não encontrará nos dicionários mais tradicionais.
Apavorar: Pode ser usado em um contexto positivo, como para dizer que algo foi muito legal, "apavorou". Em um cenário mais periférico, é comum relacionar o termo com dar um susto em alguém: "Vamos apavorar aquele cara".
Boot: Outra palavra para tênis. Vem do termo em inglês para "bota".
Cavalo: Relacionado a moto. Na série, Nando (Christian Malheiros) diz que precisa de um "cavalo" para cumprir uma ordem de sua chefe no crime, Márcia (Dani Nefussi).
Chá: Maconha. No primeiro episódio, Rita (Bruna Mascarenhas) procura em suas mochilas e bolsas um "chá" que ela perdeu.
Chave: É algo muito bacana, bonito. No salão de cabeleireiro, Rita comenta que o corte de cabelo de Doni (Jottapê), seu amigo, "tá chave."
Colar: Nada mais é do que ir para algum lugar. Ao dizer "vou colar lá", você informa à outra pessoa que estará naquele lugar, irá até lá, vai comparecer.
Cuzão/Viado: Por motivo de força maior, esses dois termos ofensivos viraram uma espécie de vírgula no linguajar da quebrada. Cuzão e viado, ao invés de serem uma ofensa, foram banalizadas para se referir a um amigo em uma conversa. Por exemplo: "E aí, cuzão, como vai a família?".
Dá uns dez: Não tem nada a ver com drogas. É uma expressão utilizada para pedir a uma outra pessoa que espere: "Dá uns dez aí que eu vou atender essa ligação."
Encostar: Diferentemente do usual, encostar é o oposto de se apoiar em algo. Na quebrada, a palavra é um sinônimo de "colar", ir até algum lugar.
Ferro: Como é chamado um revólver, geralmente os de cano curto ou pistola.
Fluxo: Baile de funk na rua, daqueles com carros tunados equipados com o som mais estridente possível.
Ganso: Informante da polícia, o famoso cagueta ou X-9.
Manobrar: Na quebrada, o significado oficial da palavra ganha algo a mais. Ela é usada no contexto de desviar alguma coisa, dar um golpe em alguém, enganar.
Meter o louco: A expressão que já foi além da periferia pode ser aplicada em duas ocasiões. "Você meteu o louco aquele dia", ou seja, agiu inconsequentemente, sem pensar. Ou "não mete o louco pra cima de mim não!", que significa algo como "não se faça de cínico, de desentendido".
Mil grau: Uma coisa muito boa.
Moiar: Prima da palavra molhar, a gíria tem utilização quando usada para explicar que uma situação está difícil, deu errado ou não está conforme planejado, "moiou".
Moscar: É ficar desatento. Por exemplo, "não mosca com o celular na mão pros caras não te roubarem".
Mó cota: Uma longa passagem de tempo. "Faz mó cota que eu não te vejo" quer dizer que faz bastante tempo que você não vê a outra pessoa. Vale usar em qualquer situação, como: "Mó cota que eu não vou em um show".
Nave: É um carro estiloso, simples assim. De preferência, importado.
Peça: Sinônimo de ferro, revólver.
Perrequeira: "Tuas amigas é tudo perrequeira, Scheyla [Julia Yamaguchi], tudo atrás de macho", fala Nando em uma conversa com a mulher. Perrequeira é uma mulher chata, que fica enchendo o saco.
Ramelar: Se você quer chamar atenção de alguém para não vacilar, hesitar, não dar mole, é só falar: "Não vai ramelar, hein?".
Tiração: É fazer o outro de trouxa, enganar. É possível dizer, por exemplo, "está de tiração comigo?".
Trombar: É quase um sinônimo de colar, encostar. "Vamo se trombar no metrô para depois colar naquele lugar", quer dizer que você vai encontrar alguém no metrô para depois ir ao lugar combinado. É a versão crua do gourmet "a gente se vê".
Truta: É um parceiro, pessoa chegada, amigo, irmão, "meu truta".
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