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REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Marcinho (Antonio Haddad) ficou na mira de um revólver no penúltimo episódio da série Os Outros
A série Os Outros encerra sua primeira temporada com o 12º episódio, disponível no Globoplay nesta sexta (7). Com uma narrativa potente, que provoca o espectador e o perturba, a trama deixou no ar o suspense de que Marcinho (Antonio Haddad) vai morrer. O gancho do penúltimo capítulo é assustador, por mais que se imagine que o autor Lucas Paraizo criou uma solução para o adolescente escapar com vida.
A arma comprada pela mãe dele, Cibele (Adriana Esteves), poderá se tornar a ferramenta que tirará a sua vida. Importante lembrar que ela adquiriu o revólver para se proteger, um direito que muitas pessoas defensoras do armamento alegam ter.
A pistola já foi roubada uma vez por Marcinho, que tentou matar o seu inimigo, Rogério (Paulo Mendes), na quadra do condomínio Barra Diamond. Mas ele acabou acertando o próprio pai de raspão. Agora, o rapaz tentou "espantar" Sérgio (Eduardo Sterblitch) com a arma, mas o miliciano a tomou dele.
A sequência eletrizante que serviu de gancho para o final mostrou o ex-policial mandando Marcinho ajoelhar. Ele, então, apontou a arma para a cabeça do adolescente e disparou. No último episódio, Paraizo tem uma missão e tanto para fechar a história. Essa conta é alta, mas vai ter de ser paga à vista, porque a próxima temporada será com outros personagens.
Ao longo da temporada, a série foi arrancando as máscaras de todos os personagens e os desconstruiu com força. Não tem como amar essas pessoas, que parecem que estão todas em surto. E são justamente a instabilidade, a imprevisibilidade e a violência crescente que fazem quem assiste à história roer as unhas.
Paraizo recebeu o pedido para fazer Os Outros quando estava terminando de escrever a quinta temporada de Sob Pressão. A encomenda era de uma série sobre a família brasileira, e olha o resultado que saiu da mente dele.
O roteirista usou como ponto de partida fatos reais, como o de uma mãe que segurou o agressor de seu filho para o herdeiro dela o espancar ou a imagem impactante no telejornal de um apartamento que explodiu por conta de um vazamento de gás no Rio de Janeiro.
A família brasileira está no inferno. O condomínio, símbolo de segurança e status para alguns personagens, representa na verdade a sociedade cada vez mais intolerante. Vizinhos não sabem lidar com as diferenças e partem para a vingança, que pode ter um revés catastrófico.
A série rompe limites com requintes de crueldade, mostra as garras da milícia nua e crua e usa a linguagem da violência para promover reflexões.
Para quem não viu, os spoilers deste texto não estragam surpresa nenhuma. A série não tem nada a ver com Sob Pressão nem com nenhuma outra trama da Globo, mas é calcada no melodrama, assim como as novelas. As situações em cena, por mais absurdas que sejam, são caricaturas trágicas daqueles que acham que estão sempre com a razão e preferem brigar em vez de dialogar.
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