Memória da TV
Imagens: Reprodução/Instagram
A lutadora famosa Jeanne 'Hollywood' Basone em vestiário da Glow, no final dos anos 1980
JOÃO DA PAZ
Publicado em 9/7/2017 - 8h11
Atualizado em 9/7/2017 - 8h33
Série divertida da Netflix, Glow é inspirada na história real de dezenas de mulheres que, no meio dos anos 1980, toparam entrar em um ringue de luta livre e arriscar seus belos corpos em busca da fama. Fazer parte do projeto ousado, sob uma rotina tão rígida que elas precisavam até cumprir um toque de recolher, deu certo: muitas delas ficaram conhecidas mundialmente e algumas chegaram até a posar para a revista Playboy.
A produção da plataforma de streaming copia o nome, a história e algumas personagens de Glow (sigla de Gorgeous Ladies of Wrestling, ou Moças Lindas da Luta Livre). No Brasil, o programa foi exibido pelo SBT com o título Luta Livre de Mulheres.
Lançada em 1986 nos sábados à noite, a atração rapidamente ganhou público, tanto na TV quanto nas gravações, e no ano seguinte as competidoras foram convidadas a participar dos principais talk shows e programas da TV norte-americana.
Uma ou outra das 35 lutadoras se destacava pela beleza e chamava a atenção dos fãs. Foram os casos de Jeanne Basone (que vivia a personagem Hollywood em Glow), Trudy Adams (Amy, a Filha do Fazendeiro), Jan Sebastian (a Luscious Lisa), Dawn Rice (a Godiva) e Dana Felton (a Thunderbolt).
Elas representaram Glow em um ensaio especial para a Playboy, na edição de dezembro de 1989, com outras mulheres participantes de competições de luta livre. Para uma delas, posar nua foi a realização de um sonho.
"Naquela época, existiam três coisas que eu queria fazer: estar na TV, posar para a Playboy e entregar um Oscar", disse Jeanne "Hollywood" Basone em entrevista ao documentário Glow: A História das Lindas Mulheres da Luta Livre, lançado em 2012, disponível no YouTube (em inglês). "Eu provavelmente não entregarei um Oscar, mas consegui realizar os outros dois [desejos] e eu sou muito agradecida por isso, foi muito bom."
Beleza em primeiro lugar
O fã da série da Netflix notou que um dos itens avaliados no processo seletivo foi a beleza das participantes, algo que também aconteceu na Glow real, que priorizou o corpo e a simpatia. Só depois elas encararam intensas sessões de treino para aprender os golpes.
A cena em que várias garotas desistem do projeto ao descobrir que teriam de lutar foi fiel ao que ocorreu realmente. "Quando eu cheguei no local da audição, havia muitas candidatas presentes. Daí, um cara apareceu e disse que o programa seria sobre luta livre", contou Jeane no documentário. "Um terço das mulheres foi embora."
Lisa Moretti, uma das lutadoras mais populares de Glow, dá voadora durante luta do programa
Quem aceitou a missão e passou para o time de Glow encarou um árduo processo. Durante seis semanas, eram quatro horas de treinamento pela manhã, pausa de duas horas para almoçar e descansar. Depois, mais quatro horas no ginásio.
Tudo supervisionado pelo lutador Mando Guerrero, encarregado de apresentar às mulheres os segredos do esporte: como dar um golpe sem machucar a parceira, como fingir uma lesão, como cair dramaticamente, entre outras artimanhas.
Fim no auge
Mesmo gravada precariamente, em um espaço para apenas 200 espectadores em um hotel de Las Vegas, Glow virou um sucesso tremendo.
Mulheres gostavam da mensagem de empoderamento feminino transmitida pelo programa. Crianças curtiam as personagens e suas fantasias exageradas. E os homens enlouqueciam com os trajes curtíssimos e vibravam a cada agarra-agarra no ringue.
A repercussão de Glow cresceu a cada ano. Mas, antes da quinta temporada, o empresário Meshulam Riklis, principal investidor da atração, decidiu romper o financiamento. O motivo, dizem as más línguas, teria sido uma ordem de sua mulher.
A atriz Pia Zadora achava que Riklis passava muito tempo com as lutadoras e as paquerava abertamente. Então, ela o ameaçou de divórcio caso o programa continuasse. O empresário escolheu a mulher. Assim, Glow chegou ao fim em 1989.
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