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CARISMÁTICO DEMAIS

Ícone do skate, Bob Burnquist ganha série 'acidentalmente chapa-branca'; entenda

Divulgação/Max

Bob Burnquist sorri e gesticula durante depoimento para a série documental A Lenda do Skate

Bob Burnquist em depoimento para a série documental A Lenda do Skate; impossível falar mal

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 13/8/2024 - 14h00

Quando resolveu contar a história do skatista Bob Burnquist, o diretor Daniel Baccaro tinha uma exigência: que o projeto não fosse chapa-branca. O ícone do esporte topou e até incentivou o amigo de infância a arrancar alguns podres do seu passado para a série documental Bob Burnquist: A Lenda do Skate, que estreia nesta terça (13) na Max. O problema é que o brasileiro é tão carismático que foi impossível convencer alguém a falar mal dele.

"A gente tentou, viu? Na hora de preparar as pautas das entrevistas, desde o Tony Hawk até o Valtinho [Valter Vale], amigo nosso de infância, a gente fazia umas perguntas para eles falarem mal do Bob, 'vamos arrancar alguma coisa dele aí' (risos). Tinha que sair alguma coisa! Só que não deu, né? Porque o Bob tem uma coisa que é unânime", entrega Baccaro ao Notícias da TV.

"Eu conheço o Bob há muitos anos, e ele tem uma humildade, não faz nada para aparecer para os outros. Ele faz tudo por ele, acho que o maior competidor do Bob é ele mesmo. E ele tem uma generosidade com os outros, isso cativa", explica o cineasta, sem poupar elogios para seu alvo.

Assim, a equipe precisou mudar o plano inicial. "A gente imprimiu na série o carisma dele, através dos depoimentos, das histórias engraçadas e de tudo mais que acontece, muito pela própria trajetória dele", continua o diretor, que não esconde sua admiração por Burnquist: "Tem feitos dele que a gente nunca mais vai ver no esporte. O campeão de skate park na Olimpíada [o australiano Keegan Palmer] tirou nota 93.11, o Bob fez 99 há 30 anos, ninguém consegue uma volta daquelas mais. Ele ainda está muitos anos à frente".

Burnquist retribui os elogios a Baccaro, a quem confiou o projeto de contar sua vida ainda em 2016. "Era para ser um filme, virou uma série de três episódios, aí ganhou mais um... Foram várias versões, mas o Daniel foi uma constante. É a minha história, sabe? Qualquer pessoa poderia contar, pegar uns vídeos antigos, uns depoimentos e tal, mas aí ficar aquilo que todo mundo vê sempre. O Daniel é meu amigo de infância, me conhece bem, conhece o skate e tem uma capacidade única. Ele não está aqui só por seu amigo! Obvio que isso ajudou, mas o trabalho dele me tranquiliza", valoriza.

reprodução/max

Bob Burnquist é aclamado por fãs do skate

Contracultura mesmo no mainstream

Apesar de o skate ter caído no gosto popular, invadido as transmissões televisivas, virado esporte olímpico e ganhado até um núcleo na atual novela das sete da Globo, Burnquist acredita que o sentimento de contracultura e de confronto ao sistema permanece entre os esportistas.

"O mundo abraçou o skate, mas tem situações em que [a sensação de marginalização] continua. E nunca vai acabar. Por exemplo, se eu quiser andar no corrimão de um estabelecimento, um segurança vai vir brigar comigo. A diferença é que ele vai me reconhecer e falar: 'Pô, Bob, aí é fod*, assim você me quebra. Mas, tá bom, vai lá só uma vez' (risos)", conta o skatista. "Ou eu posso querer andar na piscina de uma casa, bato na porta e peço, aí os donos deixam porque sabem quem eu sou. Antes, eu tinha que pular o muro."

"Outro dia mesmo, eu estava numa feira de jogos, comecei a andar de skate, e o segurança veio falar que não podia. Eu continuei andando. Veio outro segurança, também falou que não podia. Fiz um sinal de positivo para ele e continuei. O cara reclamou: 'Pô, você é adulto, não tá ouvindo que não pode?'. E eu respondi: 'Tô, mas tô andando' (risos). Não era para desrespeitar, mas eu não fiz nada errado, não fiz manobra, só tava andando", lembra Burnquist.

Então, mesmo que o skate esteja mais difundido, ainda existem esses embates naturais, tem situações em que eu preciso fugir da polícia até hoje. Eu continuo tendo aquele sentimento de antigamente, acho que isso nunca vai sair de mim. Não existe ex-skatista, sabe? Não tem como.

Questionado pela reportagem sobre uma possível aposentadoria, o esportista de 47 anos é muito claro. "Não existe aposentadoria de skatista. Você vai aposentar da sua vida? O que você vai fazer? Vou aposentar quando eu morrer, no caso. É diferente de um piloto de Fórmula 1, que para de entrar naquele carro, não vai correr mais", compara.

"Mas, no skate, eu posso pegar e continuar fazendo projetos de relevância, criativos, os obstáculos, e ainda ter uma relevância, uma evolução e um progresso. Independentemente da idade", discursa. "Não tem essa de idade, tem de criatividade e de se manter em forma, óbvio, porque se quebra, a recuperação demora um pouquinho mais, né? E eu ainda não tô sentindo isso."

"Então. eu acho que é uma questão de ficar constantemente se reinventando. Posso parar de competir nos X Games? Tá bom. Beleza, aposentei dos X Games. Mas se me chamar de novo e tiver uma oportunidade, vamos lá. É uma questão do que eu quero fazer. Óbvio que o corpo vai tendo uma queda em relação à performance, mas a relevância acontece independentemente de competição", finaliza o brasileiro que abriu portas para Rayssa Leal, Augusto Akio, Kelvin Hoefler, Pâmela Rosa e tantos outros.

Com quatro episódios, Bob Burnquist: A Lenda do Skate está disponível na plataforma Max. Confira o trailer da série documental:


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