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LILLY SINGH

Estrela dos Muppets escancara nova fronteira do racismo em Hollywood

Fotos: Mitch Haaseth/Disney+

Lilly Singh tem expressão séria em cena de Muppets e o Caos Elétrico ao lado do Animal, que está de cabeça para baixo

Lilly Singh com o Animal em cena de Muppets e o Caos Elétrico; atriz temeu perder papel por racismo

LUCIANO GUARALDO

luciano@noticiasdatv.com

Publicado em 20/5/2023 - 6h35

Depois de descobrir que há um grande público a ser explorado com a escalação de negros e latinos para papéis de destaque, e de valorizar a cultura oriental ao entregar sete Oscars para Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo (2022), Hollywood tem uma nova fronteira do racismo para desbravar: árabes e indianos. Pelo menos essa é a opinião da youtuber Lilly Singh, estrela da série Muppets e o Caos Elétrico, do Disney+.

A intérprete de Nora na produção com fantoches conta ao Notícias da TV que ficou bem feliz quando foi convidada para fazer teste para viver a protagonista da série, mas que mudou de ideia quando leu o roteiro e percebeu que sua personagem teria uma irmã, Hannah.

"Vou ser muito, muito honesta com você. O fato de Nora ter uma irmã me deixou estressada, porque eu senti no meu coração que não ia mais conseguir o papel. Pelo simples fato de ela ter uma irmã. Eu pensei: 'Isso vai jogar contra mim, porque eles vão precisar escalar duas atrizes do sul da Ásia'", conta a atriz, que nasceu no Canadá mas tem ascendência indiana.

Apesar do receio, Lilly conseguiu o papel principal, enquanto Hannah foi parar nas mãos de Saara Chaudry --outra canadense de origem indiana. "Aí fiquei empolgada com a possibilidade de ter duas garotas não brancas na tela. Isso é muito importante para mim, especialmente em uma marca como Os Muppets, que talvez no passado não tenha sido tão inclusiva. Precisamos contar histórias que mudam isso", ressalta a youtuber.

Lilly com Saara Chaudry, sua irmã na série

Escalada para viver a irmã mais nova, Saara também valoriza a diversidade em Muppets e o Caos Elétrico. "Eu faço algumas ações de ativismo e defesa de minorias fora do meu trabalho de atriz, e ter representatividade nos projetos é algo muito importante para mim. Gosto que o meu trabalho transcenda e seja mais do que apenas uma série de TV, entende?", filosofa a artista de 18 anos.

"Eu trabalho desde os seis e concordo com a Lilly que, muitas vezes, ter que escalar uma família inteira ou um parente é algo que já jogou muito contra mim. O fato de nós duas estarmos juntas nessa franquia é muito poderoso. Espero que todos que assistirem à série encontrem alguém com quem possam se identificar e amar", continua Saara.

As duas atrizes não são as únicas a reclamarem do fato de que Hollywood ainda olha torto para algumas minorias. Até Kumail Nanjiani, um dos principais atores de sua geração e intérprete de Kingo no filme Eternos (2021), da Marvel, reclamou da "falsa representatividade" na indústria em conversa com a reportagem para divulgar a série Bem-Vindo ao Clube da Sedução (2022).

"Eu nunca posso fazer o vilão", reclamou. "Acho que interpretar personagens complexos ainda é algo difícil para atores imigrantes, porque nós sequer somos considerados para esses papéis. Muitas vezes [os diretores de elenco] nem pensam em nossos nomes para nos dar uma oportunidade, sabe?"

"Eu certamente já liguei para o meu agente e falei: 'Quero viver alguém malvado em algum projeto'. E ele respondeu: 'Desculpe, não dá, isso nunca vai acontecer'. Então esses limites ainda existem na indústria. Acho que muita coisa já melhorou desde que eu comecei, mas ainda há um longo caminho a ser percorrido", disse ele, que enfrenta essas dificuldades mesmo com uma indicação ao Oscar no currículo –Nanjiani concorreu à estatueta de melhor roteiro pelo elogiado Doentes de Amor (2017).

Com dez episódios, a primeira temporada de Muppets e o Caos Elétrico já está disponível no Disney+. Confira o trailer da série:

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