Como time de roteiristas encontrou trunfo na diversidade em De Volta aos 15

Série fenômeno da Netflix, De Volta aos 15 concluiu sua terceira e última temporada no auge --e rapidamente subiu para o top de mais vistas do streaming. O sucesso tem várias fórmulas que dão certo: atores carismáticos com apelo do público, química entre os personagens e uma história de tirar o fôlego, construída por um time tão diverso quanto o que está à frente das câmeras.

A obra baseada no livro homônimo de Bruna Vieira tem um rico material de base, mas as mudanças e inclusões feitas pelos roteiristas para a obra audiovisual foram aclamadas pelo público --algo tão difícil em adaptações literárias.

Luíza Fazio, uma das roteiristas da segunda e terceira temporadas de De Volta aos 15, entregou em entrevista ao Notícias da TV que a Netflix e a produtora Glaz Entretenimento conseguiram reunir o time perfeito para desenvolver a narrativa de Anita (Maisa Silva/Camila Queiroz) e seus amigos da melhor maneira possível.

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"Eu sou uma mulher lésbica, a Gautier [Lee, roteirista e diretora] é uma pessoa não binária e lésbica, temos duas pessoas negras na sala, a Gautier e o [André] Hanks, tem a Amanda [Jordão] que é bissexual. Primeiro a gente pensa: como era a nossa vida quando a gente tinha 15 e 18 anos, se descobrindo e tudo mais?", contou ela.

"A gente tem meses de brainstorming, e vira uma sessão de terapia coletiva. Muita dor que a gente usa para escrever o material humano, para escrever os personagens, vem da gente mesmo. Porque a gente consegue acessar momento de dor, momentos de felicidade, ver que às vezes tem duas ou três pessoas que tiveram uma experiência parecida com a gente, o que torna tudo mais universal", afirmou. 

"Depois, a gente pensa: quais os clichês que a gente quer evitar? Já tem muitas histórias sobre se descobrir, sobre pais negligentes, e acho que a gente fez tudo muito bem com a personagem da Camila (Nila/Alice Marcone) na primeira e segunda temporadas. Na terceira, a gente falou: 'tá bom, foi lindo, e fechou muito bem isso na segunda temporada, com um discurso maravilhoso', e ganhamos uma certa liberdade para explorar as tramas românticas", admitiu.

A terceira temporada de De Volta aos 15 incorpora todos os personagens em pautas mais universais, como namoro a distância, paixão não correspondida e até amores bem resolvidos. "A Camila, que é uma personagem trans, vive um romance fofinho, e geralmente exploram tramas mais pesadas e tristes. Nessa temporada, a gente quis mostrar o romance, a fanfic, porque a vida tem esse lado também", afirmou.

A sala de roteiros da terceira temporada de De Volta aos 15 foi chefiada por Vitor Brandt e tinha participação também de Amanda Jordão, Gautier Lee, Ray Tavares e André Hanks. Luíza afirmou que todos contaram com uma liberdade quase que irrestrita tanto da Netflix quanto da própria Bruna Vieira, que se empolgava com as adaptações feitas.

"A gente tem muita sorte de ter fãs que entendem que é um outro produto, que é uma outra dinâmica e que a resposta do público ao que a gente coloca na tela é algo que pode ser que influencie na trama. Temos que ser generosos nesse sentido, e o De Volta aos 18 nem tinha livro para se basear, era algo diferente, e a Bruna leu um pouco dos materiais e deu a bênção. Ela também é uma autora muito generosa, que tem esse entendimento de que o audiovisual é diferente da literatura", disse.

Os seis últimos episódios da série já estão disponíveis na Netflix, com um toque de romance e nostalgia que fecham "no versinho" a obra lançada em 2022.

"É uma série que mexe muito com a nossa memória, do começo dos anos 2000, tem uma nostalgia. Quem tem 30 anos vai amar, e quem tem 13 também, ainda mais porque tudo isso voltou e está na moda. [De Volta aos 15] é quase um documento histórico de como eram os primórdios da internet", finalizou Luíza.