Após minissérie da Netflix, Miguel Ângelo conquista papel em Cidade de Deus

Depois de lançar a minissérie Os Quatro da Candelária (Netflix), o ator Miguel Ângelo se prepara para atuar na segunda temporada da série Cidade de Deus: A Luta Não Para (Max), cujas gravações começaram no mês passado. Nascido justamente na Cidade de Deus (zona oeste do Rio de Janeiro), ele se considera um vencedor, mesmo tendo somente 13 anos. É um garoto negro da periferia, filho de mãe solo e que pertence a uma geração que está crescendo com portas abertas para a diversidade no mercado audiovisual.

"Cada trabalho que você faz são experiências únicas, até porque cada set tem uma história diferente para contar", diz Miguel Ângelo à reportagem. Ele ficou conhecido por seu trabalho na novela A Infância de Romeu e Julieta (2023), do SBT, na qual interpretou o protagonista Romeu.

O intérprete precisou se mudar para São Paulo, junto com a mãe, Vânia Regina da Silva, por causa da novela infantojuvenil. Ele diz que sabe da responsabilidade que carrega e da inspiração que representa para outras crianças negras que não tiveram a mesma oportunidade que ele. 

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"Eu me sinto muito honrado em mostrar que podemos ser o que quisermos, mas entendo também que não é fácil realizar os nossos projetos e sonhos. E como é importante para nós nos vermos em outras pessoas como nós, do outro lado, narrando outra história, de amor, carinho, prosperidade, respeito e potência para gerar sonhos. Então, é Ubuntu: 'Eu sou porque nós somos'", afirma Miguel Ângelo.

Ele afirma que a minissérie Os Quatro da Candelária foi um trabalho muito especial. A trama é baseada na Chacina da Candelária, que ocorreu na  madrugada de 23 de julho de 1993, quando policiais militares à paisana abriram fogo contra cerca de 40 pessoas que dormiam na escadaria da igreja da Candelária, no Centro do Rio de Janeiro --seis morreram; o mais novo tinha 11 anos, e o mais velho, 19.

"Essa é uma das histórias mais doloridas que aconteceu no Rio de Janeiro, uma história que eu mesmo não conhecia e, a cada cena, as pessoas se comoviam ao gravar", conta o jovem, que completa:

"Além do mais, viver uma coisa que eu nunca vivi, que são agressão e maus-tratos, e você estar ao lado de um dos sobreviventes da chacina [José Luiz dos Santos, que trabalhou como produtor e consultor da série e cuja história inspirou o personagem Jesus], faz você passar a se questionar como o ser humano pode ser tão ruim com o próximo, e perceber como é doloroso para a sociedade essas pessoas estarem impunes."

Miguel Ângelo ainda não pode dar detalhes sobre seu papel em Cidade de Deus, mas vai começar a gravar em breve. Ele iniciou sua carreira em 2014, quando participou da série O Caçador (Globoplay).