30 ANOS DE SEINFELD
Imagens: Reprodução/NBC
Jerry Seinfeld e Julia Louis-Dreyfus em Seinfeld; Elaine lê sinopse da fita de Cocoon 2 - O Regresso
JOÃO DA PAZ
Publicado em 26/6/2019 - 5h41
A idade chegou para quem sente saudade de um tempo no qual era tradição ir toda sexta a uma locadora e pegar três fitas VHS. Depois, não dava para esquecer de devolvê-las rebobinadas na segunda-feira seguinte. Esse hábito tão comum dos anos 1990 marcou presença em Seinfeld (1989-1998), comédia que completa 30 anos no próximo dia 5.
Assistir aos filmes mais quentes de Hollywood em um videocassete era só mais um modo de viver dos anos 1990 que Seinfeld eternizou. Imagina ter de usar um telefone público para falar com alguém ou esperar horas para ter em mãos uma foto tirada em uma câmera analógica? Ter uma secretária eletrônica em casa e pagar coisas com cheque também estão entre os costumes de Seinfeld que caducaram.
Confira abaixo um pouco mais sobre cinco hábitos dos anos 1990 que ficaram imortalizados em Seinfeld, considerada a melhor comédia de todos os tempos, mas que não fazem sentido nos dias de hoje. Todos os episódios da série estão disponíveis no Prime Video, o serviço de streaming da Amazon:
Kramer observa Elaine, que estuda se vai alugar ou não o filme Traídos Pelo Desejo (1992)
Fitas VHS e videocassetes foram objetos assíduos em Seinfeld durante as nove temporadas. Logo no começo do segundo episódio, Seinfeld (Jerry Seinfeld) e Elaine Benes (Julia Louis-Dreyfus) apareceram na locadora Champagne Video, a preferida da turma. Enquanto transitavam entre as seções de filmes de aventura e ação, Seinfeld brincou com um filme pornô, retirado da prateleira de fitas para adultos.
Se hoje para ver um filme basta pesquisá-lo em um streaming, nos anos 1990 era necessário não apenas ir a uma locadora, mas torcer para o filme estar disponível. George Constanza (Jason Alexander) ficou no vácuo ao ir na Champagne Video e não achar o clássico Bonequinha de Luxo (1961), pois já estava com um cliente. O atendente, então, sugeriu que ele reservasse a fita, algo comum na época.
A ilustre locadora, que Kramer (Michael Richards) também frequentava, tinha uma seção de fitas escolhidas pelos funcionários. Elaine gostava das sugestões de Vincent, perito em longas de arte e emotivos, daqueles que vinham com duas fitas de tão longos. Mas ela não curtia Gene, com suas dicas de produções toscas, como Um Morto Muito Louco 2 (1993).
Seinfeld em uma operação de risco: trocar fita de uma secretária eletrônica sem a dona notar
Em Seinfeld, existia um aparelho fundamental na época, mas que parece inconcebível para os jovens de hoje: a secretária eletrônica. A geringonça servia para guardar recados de quem queria falar com você e não te encontrava --no telefone fixo, é claro. Era praxe chegar em casa após um passeio ou do trabalho e conferir os recados.
A obsessão dos personagens de Seinfeld com os tais aparelhos era grande, refletindo a sociedade daquele tempo. O comediante Jerry Seinfeld, durante aquelas piadas de stand-up exibidas ao longo dos episódios, tirou onda dessa fixação e até previu o que aconteceria com o Facebook nos dias atuais.
Segundo ele, as pessoas gostavam de chegar em casa e ver a luz vermelha da secretária eletrônica piscar (semelhante a sensação de ver o ícone de mensagens da rede social vermelho, um sinal de novas mensagens recebidas). "É muito importante para os seres humanos sentirem que são populares entre um bando de pessoas que não significam nada para nós", sacramentou.
Kramer, assustado e perdido no centro de Nova York, usa o telefone público para pedir ajuda
Uma pessoa prevenida nos anos 1990 precisava sempre andar com fichas de orelhão no bolso. Afinal, se quisesse ligar para outra pessoa, deixar um recado para alguém ou pedir socorro ao perceber que está perdido no centro da cidade (como ocorreu com Kramer), era necessário usar um telefone público.
Nos Estados Unidos, esses aparelhos funcionavam com moedas comuns. George e Jerry tiveram uma discussão sobre não ter moedas para usar o telefone, só dinheiro em papel. O comediante Seinfeld dedicou uma abertura de episódio só para falar sobre a ética ao utilizar o orelhão. E George usou um telefone público em um restaurante para conversar com a namorada.
Isso em cima do balcão é um rolo de filme fotográfico, que servia para tirar 24 ou 36 poses
Seinfeld aproveitou bem uma prática que afetava a todos, ricos ou pobres: a saga de revelar um rolo de filme fotográfico. Se hoje uma pessoa tira 150 fotos em um único evento, décadas atrás era preciso ser cirúrgico com a câmera para não desperdiçar as 24 ou 32 poses de um único rolo de filme.
Em um dos episódios mais cômicos da série, George entrou em um círculo vicioso no qual vivia entrando em uma loja de revelação de fotos para paquerar a atendente Sheila (Heather Campbell).
Nessas idas e vindas, uma foto dela, que seria o nude de hoje em dia, se misturou com as fotos de George, o que ele entendeu como uma brecha para chamá-la para um encontro. Porém, encorajado por Kramer, o baixinho careca aceitou fazer um ensaio seminu para chamar a atenção de Sheila. A geração Z não faz ideia de como era penoso e árduo paquerar nos anos 1990.
Jerry Seinfeld passou um cheque sem fundo no mercadinho do bairro; compra de US$ 40
A sociedade contemporânea está em uma época na qual basta aproximar o telefone celular ou o relógio de uma máquina específica que o dinheiro de uma compra é transferido ao lojista instantaneamente. Mas houve uma época na qual as pessoas usavam com frequência uma coisa chamada cheque.
Seinfeld adorava zoar situações do cotidiano em que as pessoas recorriam ao pedaço de papel, citando até quem pagava uma conta de US$ 2 ou US$ 3 com o dito cujo. Para o comediante, o método não era tão masculino. Segundo ele, os homens ficavam envergonhados de usar o cheque para comprar qualquer item.
"Para o homem, o cheque é como se fosse um bilhete da mãe, que diz: 'Eu não tenho dinheiro suficiente, mas se você entrar em contato com essas pessoas, elas vão me ajudar'", contou o comediante em um dos seus stand-ups presentes na série.
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