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ANÁLISE

Reality shows em queda livre: O que está matando o gênero na TV aberta

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Renata Saldanha, campeã do BBB 25, com cara de choro

Renata Saldanha, campeã do BBB 25; o que aconteceu com os realities e como eles podem se salvar?

Durante anos, os reality shows dominaram boa parte da grade da TV aberta. Do Big Brother Brasil ao MasterChef, o formato passou por um boom extraordinário e virou uma verdadeira febre --impulsionado por uma forte curiosidade do público, memes nas redes sociais e votações extremamente acirradas. Entretanto, de uns tempos para cá, a força do gênero foi visivelmente caindo --sem importar as tentativas das produções e das direções de tentar alavancar a audiência novamente.

Há uma evidência clara de que algo está mudando no consumo de realities por parte do público brasileiro. Para o pesquisador Bruno Campanella, professor doutor do Departamento de Estudos Culturais e Mídia e do programa de pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminense (UFF), o declínio da audiência passa por uma mistura de mudança de hábitos, saturação de formatos e concorrência pesada dentro do próprio gênero.

Para o especialista, não é o reality show que está em declínio, mas a predominância da TV aberta como meio de consumo desses programas. "A TV aberta, de modo geral, vem perdendo audiência em todos os gêneros --novelas, jornalismo, esportes-- por conta da concorrência", avalia o estudioso em entrevista ao Notícias da TV.

Campanella fala especialmente sobre o BBB, que vive uma montanha-russa quanto ao interesse do público. "Em particular, quando se fala de reality show no Brasil, o primeiro exemplo que vem à mente é o Big Brother. Ele é um caso à parte", pondera.

"Fez muito sucesso por anos, depois teve um declínio, ressurgiu com força e agora parece estar novamente em queda. É uma história muito particular, que não se repete em outros países. Não conheço nenhum outro lugar onde o Big Brother ainda esteja tão em evidência quanto aqui", opina.

"Por que ele está declinando? Na verdade, ele já vinha nesse movimento há algum tempo. A Globo sempre tenta renovar o formato, o que é muito difícil. Em última análise, o sucesso do programa depende muito da dinâmica dos participantes. Embora a emissora tenha um conhecimento acumulado sobre perfis [de brothers] que funcionam ou não, nunca se sabe como será até colocar as pessoas confinadas", afirma ele.

Segundo o pesquisador, há um cenário mais complexo do que parece à primeira vista. Ainda existe um forte interesse por reality, mas também há uma pulverização do público: parte migrou para o streaming, parte para o YouTube e parte para o TikTok. As plataformas, além de exibirem realities próprios, disputam a atenção do público com vídeos curtos e conteúdo sob demanda.

"As plataformas de streaming continuam lançando formatos. Pode haver anos com mais ou menos lançamentos, com alguns fazendo mais sucesso e ganhando novas temporadas, mas o gênero continua forte", dispara.

Presos no passado

Bruno Campanella acredita que, enquanto o streaming se movimenta e cria realities com temáticas variadas, a TV não arrisca e continua apostando no óbvio. "São programas que trazem pessoas comuns lidando com situações inusitadas --convivência, competição, transformação--, e isso desperta o interesse do público. Lida com questões morais, sociais, do cotidiano, que as pessoas gostam de discutir", pondera.

O especialista também não enxerga uma tendência de desaparecimento de reality shows. Pelo contrário: o gênero se fortalece à medida em que a internet, em si, avança. Entretanto, quem realmente corre risco são os formatos tradicionais.

Há um esgotamento, especialmente na TV aberta. Talvez fosse interessante que as emissoras arriscassem mais, apostassem em formatos novos --o que não é comum no Brasil.

O público, então, acaba migrando para outras telas, e quem não se reinventa perde espaço. No fim das contas, o que está em queda é o modelo de consumo que fez do reality show um sucesso nos anos 2000.

O gênero segue vivo e com força, mas divide o palco com influenciadores, redes sociais e a liberdade que cada um tem atualmente de poder ver o que quiser, quando quiser.


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