Nem BBB nem A Fazenda: Por que Ilhados com a Sogra foi o melhor reality do ano?

O BBB 23 deixou muito a desejar, e A Fazenda 15 também não engajou fortemente o público fã de reality show. Uma produção nova aproveitou o vácuo de entretenimento nesse setor, entregou boas dinâmicas, brigas e reviravoltas e se consagrou como o melhor reality do ano: Ilhados com a Sogra, da Netflix.

O programa, comandado por Fernanda Souza, apresentou um formato original e inédito no Brasil. Na atração, casais foram para uma praia no litoral de São Paulo, crentes de que participariam de provas a dois, em busca de um prêmio em dinheiro.

O fator surpresa contou positivamente para o reality: por ser a primeira edição, ninguém sabia que as sogras chegariam inesperadamente para participar da "brincadeira".

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O choro de desespero dos genros e noras ao descobrir que teriam de ficar só com suas sogras e dependendo delas para ganhar a competição foi um dos grandes momentos --provando que tortura pode, sim, ser entretenimento.

Ao longo do reality, outro trunfo da equipe do programa ficou evidente: o elenco perfeito. Os participantes foram muito bem escolhidos: todos tinham sérios problemas com sogras/genros/noras, e todas as sogras demonstraram ter personalidades fortes (por vezes terríveis).

Os competidores pareceram realmente personagens, um tanto estereotipados e absurdos, o que facilitou o surgimento de conflitos, tramas e desdobramentos interessantes.

Finalmente, Ilhados com a Sogra conseguiu uma grande representação de sucesso para um reality show: criar arcos dramáticos entre seus personagens. Vários participantes apresentaram transformações do início ao fim do programa, no sentido de saírem de situações muito ruins, passarem por percalços, aprenderem lições e terminarem o programa com finais felizes. 

Assim, o Ilhados com a Sogra conseguiu seguir uma boa receita para a consagração: roteiro bem feito, participantes muito bem escolhidos, dinâmicas e provas boas, provocação de diferentes emoções no público e uma apresentadora carismática para comandar o circo.

Fernanda Souza, aliás, ressaltou outro ponto positivo e incomum do Ilhados: o fato de o programa dar destaque a participantes da terceira idade, algo raro em realities.

Ver o que as sogras conseguiram fazer em relação a suas personalidades, suas histórias de vida, ao que elas vão fazer a partir de agora é muito inspirador. Um reality com tantas personagens 50+, 60+, é uma coisa não tão comum e deixa o projeto num outro lugar, de respeito, compaixão.

"Virou um grande debate, as pessoas estão dentro de suas casas debatendo e se identificando. O poder do entretenimento é esse também, de alguma maneira educar, ensinar, trazer esperança. Mostrar novas possibilidades", conclui ela.