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Análise | Novela das nove

Apaixonada, personagem de Gloria Pires vira chacota em Babilônia

Reprodução/TV Globo

Beatriz (Gloria Pires) fica arrasada ao saber de Carlos Alberto (Marcos Pasquim) que Diogo vai se casar - Reprodução/TV Globo

Beatriz (Gloria Pires) fica arrasada ao saber de Carlos Alberto (Marcos Pasquim) que Diogo vai se casar

RAPHAEL SCIRE

Publicado em 24/5/2015 - 12h37

Bastou apenas um capítulo para que Beatriz (Gloria Pires) mostrasse quem verdadeiramente era: enganou o noivo, agarrou serviçais e matou um homem para se dar bem na vida. Bastou apenas um capítulo para que o público torcesse o nariz para Babilônia, a trama das nove da Globo, e a novela caísse a um nível histórico de rejeição.

Boa parte desse descontentamento do público veio por conta da conduta amoral da vilã da história. Como não poderia deixar de ser, ajustes foram feitos para que a novela não naufragasse. Entre todos os personagens de Babilônia, Beatriz certamente foi a que mais padeceu nessa tentativa _frustrada até agora_ de salvar a trama.

De malvada impiedosa, passou a mulher apaixonada, quase uma santa, que só se entrega ao homem que ama. Dentre os muitos homens que cruzaram o caminho da empresária, ela foi se apaixonar justamente por aquele que é filho de sua primeira vítima e irmão de uma de suas rivais, o aspirante a atleta olímpico Diogo (Thiago Martins).

Ter fraquezas é uma característica enriquecedora para qualquer personagem, e vilão algum pode prescindir desse expediente, afinal, é preciso encontrar algo que o humanize diante de tantas maldades que comete. A questão central aqui é a maneira como o romance de Beatriz e Diogo foi trabalhado.

Súbita e sem naturalidade alguma, a história dos dois parece ter sido uma solução encontrada a toque de caixa para fazer com que a novela caísse nas graças do público. Mas não convence justamente pela apresentação inicial de Beatriz.

A vilã ainda mente, dissimula, faz de tudo para se manter no poder e, apesar de continuar movimentando a história, Beatriz vem sendo a protagonista de situações constrangedoras.

Além de chorar pelos cantos pelo amor do garotão, ela ainda fez cosplay de vilã mexicana com uma peruca quase idêntica aos seus cabelos e, numa sequência digna de Nazaré Tedesco (Renata Sorrah), a malvada mór de Senhora do Destino (2004), empurrou de uma escadaria a única pessoa que poderia testemunhar contra ela no caso do assassinato do pai de Regina (Camila Pitanga).

Gloria Pires, coitada, faz o que pode para defender sua personagem, que teria tudo para ser mais um grande marco em sua carreira _femme fatale, dominadora, dona do próprio destino, a alma e o sangue da novela. Mas a frieza que imprimiu em Beatriz deu lugar a um sentimento que não combina com as atitudes apresentadas lá no primeiro capítulo. Virou chacota.

É de se considerar que novela é obra aberta e está sempre suscetível a mudanças, mas estas precisam ser trabalhadas de maneira convincente. Do jeito que está, a impressão que fica é a de que os autores perderam a mão na condução dos personagens.

Na tentativa de agradar uma parcela maior do público, aquela que não gostava das maldades, acabaram por deixar escapar uma outra parte dos telespectadores, que ainda acreditava que a novela teria salvação. Já é tarde.


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