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Liberdade, Liberdade

Tarada em novela, Maitê Proença reclama de nudez para ‘caçar público’

JOÃO MIGUEL JÚNIOR/TV GLOBO

Maitê Proença (Dionísia) fala de nudez e maldades na novela Liberdade, Liberdade, da Globo  - JOÃO MIGUEL JÚNIOR/TV GLOBO

Maitê Proença (Dionísia) fala de nudez e maldades na novela Liberdade, Liberdade, da Globo

MÁRCIA PEREIRA

Publicado em 22/4/2016 - 5h24

Sem maquiagem, com perucas estranhas e vestido empoeirado, Maitê Proença está bem diferente em Liberdade, Liberdade, novela da onze da Globo. A atriz protagonizou uma cena de sexo assim que surgiu na trama na semana passada, mas é contra a vulgarização do nu. Para ela, tirar a roupa atuando é bom quando é necessário para contar a história. Aos 58 anos, Maitê lamenta abusos de nudez para dar audiência. "Às vezes, esse é só um mecanismo para caçar público", diz.

Sua personagem, Dionísia, é uma mulher de fortes contradições. Ama os protocolos aristocráticos, as regras da Corte, é extremamente católica e não permite bebida alcoólica em sua casa, mas submete escravos a práticas sexuais. O que ainda está para ser revelado é que ela tentou matar o marido porque apanhava dele. 

"Ela sofria violência doméstica, tem marcas no corpo dos maltratos que ele a submetia todas as noites. Até o dia em que ela se revoltou", adianta a atriz, sem revelar qual é o desfecho desse passado da fidalga.

Maitê conta ainda que as suas cenas quentes vão continuar para mostrar uma inversão de valores. "O Mario Teixeira não é um autor que descreve muito as cenas, até para deixar o diretor e os atores com liberdade para fazer como convier. A gente vai resolvendo ali na hora. Como espectadora, eu prefiro que tudo seja mais sugerido do que efetivamente mostrado."

reprodução/tv Globo

Maitê Proença contracena com David Junior em cena de sexo na novela das onze

Nos próximos capítulos, Saviano (David Junior) virará seu escravo favorito. Ela, porém, não se apaixonará por ele, e a forma como trata os escravos vai ser motivo de muitos embates entre ela e a sobrinha, Joaquina (Andreia Horta).

"Para a fidalga, ela comprou e faz o que bem entende com esses negros, e as pessoas realmente pensavam isso. Afinal, os negros foram por séculos rotulados como animais. Muitas mentiras foram inventadas sobre esse povo para justificar a escravidão. O preconceito surgiu aí", comenta a loira. Ela diz que essa discussão é ótima para combater o racismo porque o Brasil é um país sem memória.

felipe monteiro/tv globo

Na trama, Heloisa Jorge (Luanda) é castigada por Maitê Proença (Dionísia)

A atriz explica que todo ator tenta compreender o personagem, mesmo que não se identifique com uma série de coisas. Tem de ser feito um grande esforço para passar verdade. Ela diz que o mérito de Liberdade, Liberdade é mostrar que um povo só é digno se tiver educação e cultura, porque essa é a única maneira de alguém bancar sua opinião e lutar pelo que acredita.

"Se não for assim, vamos continuar aceitando as verdades que nos são impostas. A gente tem um povo tão humilde, que já foi tão humilhado, massacrado, que sente que não tem valor. Um país assim não é um bom lugar para se estar. Para uma pessoa mais sem condições, fica fácil aceitar o que aquelas pessoas que têm dinheiro pensam, pois sem autoestima vamos acreditando que elas devem mesmo ser mais inteligentes", conclui.


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