Para Leona Cavalli, casamento de Gladys em Terra e Paixão é pura hipocrisia

Leona Cavalli afirma que sua personagem em Terra e Paixão reflete o comportamento que muitas pessoas têm na vida real. Gladys vive um casamento tradicional, mas mantém um caso tórrido com Luigi (Rainer Cadete). Ela, na verdade, deseja abandonar a família para viver esse romance, o que inclui até apoiar o golpe da barriga da filha para que Graça (Agatha Moreira) se case e deixe de ser um empecilho para sua separação.

O que o telespectador já viu é que Gladys vive uma relação de fachada com Tadeu (Claudio Gabriel). Mas, para todo mundo da fictícia Nova Primavera, o casamento deles é baseado nos princípios tradicionais.

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Inclusive, a diretora da escola já até apareceu em uma cena defendendo a família acima de tudo. Ela convenceu Lucinda (Débora Falabella) a não denunciar o marido por agressão "em nome de preservar a sua família" na novela das nove da Globo.

"Ela tem toda uma uma aparência humanista. Defende os direitos e a igualdade, mas vive de aparência", aponta sua intérprete. Leona Cavalli trabalha pela terceira vez em uma novela escrita por Walcyr Carrasco e diz gostar muito da ambiguidade que ele colocou em Gladys.

Ela não acredita naqueles valores que diz defender em relação ao casamento. Afinal, a personagem tem um caso de amor com o italiano. Então, fica muito claro o quanto ela defende uma coisa, diz acreditar em valores morais e sociais, mas, na verdade, ela faz o oposto. Eu acho que é uma personagem que existe muito por aí. Quem não conhece gente assim, né?

Para a atriz, a sociedade brasileira tem muitas questões e conflitos relacionados aos valores defendidos por Gladys. "São defendidos, muitas vezes de forma até violenta, por pessoas que vivem uma coisa completamente diferente", completa.

joão miguel jr./tv globo

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Apoio ao golpe da barriga da filha

A mãe de Graça tem um texto que flerta com o humor, principalmente nas cenas de safadeza com Luigi. A ambiguidade pode ser vista quando ela dá suas joias para "ajudar" o vigarista a cuidar de sua "mãezinha doente" e, em seguida, volta para casa e se mostra com ciúme do marido. 

"Ela tem um tipo de relação com o amante, um outro tipo de relação com o marido, em que ela é totalmente tradicional, defendendo ali os valores do casamento. E tem uma relação diferente com os alunos, as mães de alunos e os professores na escola, na qual ela é uma diretora que mostra um lado mais inclusivo", exemplifica a atriz.

São várias Gladys. Agora, o público está conhecendo mais um lado dessa mulher supostamente recatada. Ela será cúmplice da filha, apoiando não só sua falsa gestação para conseguir se casar com Daniel (Johnny Massaro), mas também as tentativas de engravidar de Marino (Leandro Lima) para sua barriga realmente crescer. 

"Ela tem uma relação diferente com a filha, na qual é completamente conivente com as questões da vida dela e ao interesse de que esse casamento aconteça", diz Leona.

Aos 53 anos, a intérprete afirma que acredita na identificação do público com os personagens. "Vai bater bastante nas pessoas, porque todo mundo conhece gente assim. Todo mundo conhece pessoas assim e, por outro lado, eu acho que o bacana de fazer essas personagens é justamente poder mostrar, sem criticar."

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