O número da vida real que explica o sucesso de Força de Mulher no Brasil

Uma das razões que explica a boa audiência de Força de Mulher é a proximidade de Bahar (Özge Özpirinçci) com a realidade de muitas mulheres brasileiras. Ela cria os filhos sozinha e praticamente sem nenhuma rede de apoio após ter sido abandonada pelo marido --exatamente como as inúmeras mães solo, que representam uma fatia crescente da sociedade.

De acordo com dados da Arpen (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais), responsável pelos cartórios, o número de crianças brasileiras registradas somente pelas mães cresceu nos últimos sete anos. No ano passado, elas foram 173,6 mil dos 2,6 milhões do total de nascimentos.

Os números também são reforçados por pesquisa realizada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), apontando que o número de mães que cuidam sozinha dos filhos aumentou 17% na última década.  Elas passaram de 9,6 milhões em 2012 para mais de 11 milhões em 2022.

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Não à toa, há uma identificação dessa parcela do público com Bahar, por mais que a sua história aconteça em outro país, com cultura própria e um contexto político-social bastante diferente do Brasil.

A personagem consegue superar essas diferenças mostrando que há desafios que são, em algum ponto, "universais" para mulheres que se veem sozinhas para criar os filhos.

Um tema, que curiosamente, aparece em diversos países. Afinal, a própria Força de Mulher é uma adaptação da série japonesa Woman (Mulher, em inglês), de 2013.

Bahar já chegou a dormir de cansaço após virar noites para sustentar sozinha a família, exausta também pela falta de uma rede de apoio para apoiá-la na criação dos filhos. Rejeitada pela própria mãe, ela conta com a ajuda de vizinhos como Ceyda (Gökçe Eyüboğlu) para conseguir dar conta de suas responsabilidades.

Os próprios telespectadores já fizeram esse paralelo nas redes sociais. "Essa novela é tão triste, mas também tem cenas tão lindas. É triste porque é bem realista sobre a vida de uma mãe solo, mas ver a Bahar só se ferrando é dolorido. Não aguento ver direto", escreveu Camila Borges no X.