Babilônia polêmica
ESTEVAM AVELLAR/TV GLOBO
A atriz Sheron Menezes, que interpretará uma advogada de sucesso que estudou graças a cotas
DANIEL CASTRO
Publicado em 12/10/2014 - 18h58
Atualizado em 13/10/2014 - 6h25
Próxima novela das nove da Globo, Babilônia vai tratar de um dos assuntos mais polêmicos da atualidade: as cotas raciais e para estudantes pobres, oriundos das escolas públicas, nas universidades gratuitas. "Vamos mostrar na trama como o sistema de cotas nas universidades é importante para dar oportunidade de inclusão a quem estudou em escola pública", diz Ricardo Linhares, coautor da novela ao lado de Gilberto Braga e João Ximenez Braga. A direção será de Dennis Carvalho.
Na produção, que começa a ser gravada em novembro e estreia em março, a personagem da Sheron Menezes, negra e moradora do morro da Babilônia, na zona sul do Rio de Janeiro, só entrou para a faculdade de Direito porque teve direito a cota. "Ela foi uma aluna brilhante. E conseguiu trabalho no prestigiado escritório de advocacia da personagem da Fernanda Montenegro. Se não fosse pelo sistema de cotas, ela não teria conseguido ultrapassar a barreira que impede grande parte dos alunos das escolas públicas de chegar à universidade", defende Linhares.
No Rio de Janeiro, onde a trama se passa, o sistema de cotas está em vigor desde 2002. Nos dez primeiros anos, a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj) recebeu 8.759 estudantes: metade negros ou pardos, metade pelo critério de renda. O assunto é polêmico: os defensores dizem que é uma ação afirmativa; os opositores dizem que ela institucionaliza e aumenta o racismo.
Temática social
Ricardo Linhares alerta, no entanto, que Babilônia não fará merchandising social nem campanha pelas cotas. Abordará o assunto como um elemento social atual em um contexto dramatúrgico. A circulação de pessoas de diferentes classes nos mesmos ambientes será uma característica de Babilônia.
"A trama de Babilônia não é sobre a favela homônima, que fica no bairro do Leme, nem sobre a vida numa favela, de modo geral. Não vamos abordar tráfico de drogas, UPPs, problemas da comunidade etc.", esclarece Linhares.
"O título se refere à Babel da vida moderna, à confusão do dia a dia nas grandes cidades, à corrupção ética e moral, à dissolução dos costumes, como ocorreu na Babilônia bíblica."
Segundo Linhares, praticamente toda a ação acontecerá no Leme, bairro vizinho de Copacabana, cenário de outras novelas de Gilberto Braga, como Paraíso Tropical (2007).
"No Leme, mostramos a convivência próxima e tão carioca das diferentes classes sociais: os ricos da avenida Atlântica, que moram de frente para o mar, os personagens de classe média, nas ruas internas do bairro, e os pobres da comunidade", diz.
"Todos frequentam a mesma praia, se cruzam ao passear no calçadão da orla, nas ruas do bairro, na loja de sucos, no supermercado. Essa mistura é tipicamente carioca, onde as barreiras sociais e econômicas não são tão demarcadas quanto na maioria das outras cidades grandes. A convivência, embora natural, gera atritos e conflitos, que serão abordados na história", antecipa Linhares.
► Curta o Notícias da TV no Facebook
► Siga Daniel Castro no Twitter: @danielkastro
© 2024 Notícias da TV | Proibida a reprodução
Mais lidas
Política de comentários
Este espaço visa ampliar o debate sobre o assunto abordado na notícia, democrática e respeitosamente. Não são aceitos comentários anônimos nem que firam leis e princípios éticos e morais ou que promovam atividades ilícitas ou criminosas. Assim, comentários caluniosos, difamatórios, preconceituosos, ofensivos, agressivos, que usam palavras de baixo calão, incitam a violência, exprimam discurso de ódio ou contenham links são sumariamente deletados.