NO AR NA SEXTA
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Fernanda (Vannessa Gerbelli) e Téo (Tony Ramos) vítimas de balas perdidas em Mulheres Apaixonados
Uma das cenas mais icônicas da teledramaturgia brasileira vai ao ar novamente nesta sexta-feira (13) em Mulheres Apaixonadas: o tiroteio que mata Fernanda (Vannessa Gerbelli) com uma bala perdida em pleno Leblon, bairro nobre da zona sul do Rio de Janeiro. Na versão original, a sequência teve pouco mais de seis minutos no ar e levou mais de cinco dias para ser feita. A reprise do Vale a Pena Ver de Novo deve exibir na íntegra.
Em 2003, a Globo gravava muitas cenas nas ruas da cidade, e o Leblon --cenário tradicional de novelas de Manoel Carlos-- sempre serviu de locação para a emissora. Foram cinco dias, entre ensaios e gravações, até fechar a cena.
O trabalho de Rogério Gomes, o Papinha, no entanto, era ingrato, já que ele deveria parar o trânsito no bairro em plena terça-feira, 5 de agosto daquele ano. As ruas no entorno da Ataulfo de Paiva foram fechadas antes das 8h para as gravações começarem às 10h.
A notícia de que a sequência iria ser gravada naquele dia já havia circulado meses antes. Na época, a Associação de Hotéis do Rio de Janeiro se posicionou oficialmente contra, argumentando que a exibição da cena afastaria os turistas. A Associação de Moradores do Leblon também fez barulho contra a trama. O autor não cedeu e quis retratar que a violência não atingia somente os mais pobres.
"Todo o mundo está sujeito a isso. Houve inclusive uma estudante que foi baleada dentro de uma faculdade", afirmou Maneco na época, referindo-se ao caso da estudante Luciana Gonçalves de Novaes, de 19 anos, atingida na Universidade Estácio de Sá, em maio do mesmo ano.
Por causa do bafafá, cerca de mil pessoas estavam no local da gravação às 17h, momento em que Fernanda seria atingida durante um tiroteio entre policiais e bandidos. A sequência envolveu 400 profissionais set, mais de 120 carros e cinco câmeras --uma delas panorâmica. Foram usados mais de 500 tiros de festim, preparados pela equipe de efeitos especiais da novela. Alguns desavisados chegaram a ligar para a polícia denunciando tiros no bairro.
O diretor pediu que os fotógrafos não disparassem flashes, o que tiraria o realismo da cena. Um profissional, no entanto, não respeitou o pedido, e uma parte pequenina da cena precisou ser refeita nos Estúdios Globo dois dias depois.
Apesar disso, houve um enorme silêncio no momento em que Fernanda é atingida, o que surpreendeu os jornalistas que acompanhavam o trabalho. No fim, Vannessa e Tony Ramos, cujo personagem também é atingido pelas balas, foram aplaudidos pela plateia.
"No quarto e no quinto dias, os atores principais foram para a cena. O trabalho começava às 7h da manhã. Havia plateia, era como um circo romano, como se fosse uma arena. A Fernanda recebeu o tiro, caiu. Eu também fui baleado. Silêncio na rua. O diretor pegou o microfone e falou: 'Para mim valeu, muito obrigado a todos!'. As pessoas começaram a aplaudir, como no teatro romano. Foi um momento absolutamente indescritível. Eu vi a compreensão popular, a cumplicidade popular, as pessoas acompanhando aquela novela, querendo ver aquela cena", disse Tony Ramos ao Memória Globo.
Em 2003, a tragédia em torno de Fernanda rendeu um dos recordes de audiência da produção, que bateu os 58 pontos de média em pleno sábado.
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